Levantamento aponta hegemonia em 13 estados, expansão acelerada na Amazônia e transformação das facções em estruturas transnacionais
O Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital ampliaram sua atuação a ponto de alcançar todas as 27 unidades da federação, consolidando hegemonia conjunta em 13 estados brasileiros. O novo diagnóstico foi apresentado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que descreve um cenário marcado pela expansão territorial, diversificação das atividades criminosas e internacionalização das duas principais facções do país.
De acordo com o estudo, os últimos três anos foram decisivos para que CV e PCC deixassem de operar como grupos centrados no sistema prisional. O relatório mostra que ambas as organizações funcionam hoje como redes transnacionais altamente estruturadas. O PCC mantém posição dominante em sete estados, entre eles São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná, apoiado em alianças estratégicas, controle de portos e logística especializada. Já o CV mantém hegemonia em seis estados, com forte presença no Acre, Amazonas, Pará, Rio de Janeiro e Tocantins, impulsionado por uma expansão agressiva pelo Norte e pelo avanço em rotas que atravessam a Amazônia.
A pesquisa indica que a disputa territorial se intensifica na Amazônia Legal. A região contabiliza presença de facções em 344 municípios, equivalente a 44,6% do total, e 86 dessas cidades convivem com conflitos entre duas ou mais organizações. O crescimento do Comando Vermelho é destacado no levantamento, que registra quase o dobro de municípios sob sua influência entre 2023 e 2025. O PCC, embora mantenha presença estável em cerca de 90 cidades, controla áreas estratégicas de escoamento e abastecimento.
O Fórum também aponta que as dez cidades mais violentas do país são marcadas por confrontos entre grupos criminosos. O levantamento mostra que a violência mais extrema se concentra no Nordeste, sobretudo em regiões metropolitanas e no interior da Bahia, impulsionada por disputas envolvendo o Comando Vermelho, os Guardiões do Estado e o Bonde dos Malucos.
A internacionalização das facções aparece como outro elemento central do estudo. O PCC já estabeleceu conexões com ao menos 16 países em quatro continentes, incluindo parcerias com a máfia italiana ’Ndrangheta e redes criminosas da Holanda e dos Bálcãs. O Comando Vermelho amplia sua rota de influência em países vizinhos como Colômbia, Peru e Bolívia, com foco em áreas estratégicas da Amazônia.
Além da expansão territorial e internacional, o levantamento destaca mudanças no modelo de atuação das facções. Crimes como roubo perderam espaço para fraudes digitais, especialmente golpes aplicados por celular, que se tornaram uma das fontes mais lucrativas do crime organizado. O estudo alerta para uma taxa de impunidade estimada em 97% nesses casos.
O relatório também enfatiza o impacto do baixo alcance estatal em regiões remotas. Em áreas ribeirinhas, o custo de operações policiais pode ser até 25 vezes maior que no Sudeste, o que aprofunda desigualdades territoriais e facilita a ocupação de grupos criminosos em zonas de fronteira. Hoje, 82 municípios situados na divisa internacional já registram presença ativa de facções.
Fonte: cnnbrasil.com







