Investigações apontam que integrante do comando vermelho coordenava produção sofisticada no interior paulista
Mesmo atrás das grades no Complexo Penitenciário de Gericinó, no Rio de Janeiro, o mineiro Silas Diniz Carvalho, conhecido como Gordão ou Mikhail, continuava a exercer papel central em uma das estruturas clandestinas de fabricação de fuzis mais completas já identificadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. A investigação indica que ele supervisionava, à distância, todas as etapas de operação da fábrica instalada no interior de São Paulo.
Integrante do Comando Vermelho, Silas era apontado como responsável por definir pagamentos, selecionar operadores, validar máquinas e orientar diretamente integrantes do grupo criminoso distribuídos por três estados brasileiros e pelos Estados Unidos.
A apuração também cita a participação de Marcely Ávila Machado, esposa de Silas e conhecida como Vitória ou Vick. Ela exerceria função de gestora financeira da organização, controlando repasses mensais e prestando esclarecimentos aos subordinados, além de organizar pagamentos que mantinham o ritmo de produção dos armamentos. Segundo atualização recente obtida pela reportagem, ela cumpria prisão domiciliar enquanto o marido permanecia encarcerado.
A fábrica clandestina funcionava dentro das instalações da empresa Kondor Fly Parts Indústria e Comércio de Peças Aeronáuticas Ltda, aberta em maio de 2024 em Santa Bárbara d’Oeste, interior paulista. De acordo com a PF, o empreendimento foi registrado pelo foragido Gabriel Carvalho Belchior, que vive entre Kansas City, no Texas, e Vero Beach, na Flórida. A corporação afirma que o negócio simulava a produção de peças aeronáuticas para justificar o maquinário e o fluxo de componentes usados na fabricação de fuzis da plataforma AR, modelos frequentemente empregados em conflitos armados.
O Ministério Público Federal sustenta que a empresa funcionava apenas como fachada, com a única finalidade de disfarçar a atividade criminosa. A defesa dos citados não foi encontrada até a publicação desta reportagem, e o espaço permanece aberto para manifestação.
Fonte: Metrópoles SP







