A chuva que caiu na manhã deste domingo fez parte das atividades programadas em comemoração aos 50 anos de criação do Parque Estadual de Porto Ferreira. Devido a instabilidade climática, houve o cancelamento da caminhada pelas trilhas da Unidade de Conservação.
Mas a chuva não tirou o brilho do evento. Familiares de Orlando Prezotto, convidados, funcionários do Parque e público em geral marcaram presença no primeiro dia das atividades comemorativas.
A pesquisadora Sônia Aparecida de Souza fez a abertura das atividades programadas para o domingo, e em seguida, os alunos do Projeto Guri de Porto Ferreira fizeram cinco apresentações musicais.
O Projeto Guri conta com alunos dos cursos de violão, viola caipira, percussão e canto coral. Estes estavam acompanhados de seus professores, da coordenadora do projeto Graziela Marostegan, e de Marco Riolino, Diretor do Departamento de Cultura e Turismo de Porto Ferreira.
Marco Riolino, que fez a apresentação do grupo, ressaltou a importância do Projeto Estadual desenvolvido no município, atendendo cerca de 130 alunos.
Durante os intervalos das execuções musicais houve a apresentação dos funcionários e ex-funcionários do Parque, cada um discorrendo resumidamente os trabalhos ali desenvolvidos.
Coube a André de Lucca apresentar o resumo da biografia de Orlando Prezotto, que emprestou o seu nome ao “Arboreto” criado no Parque ao longo dos anos, para a recuperação de um espaço onde antigamente era área de pastagem. A apresentação foi carregada de emoção, dado os laços mantidos entre André e o homenageado.
A escolha de Orlando Prezotto para nomear o “Arboreto” deve-se ao seu espírito conservacionista verificado ao longo do tempo, e por trata-se do primeiro guarda caça (guarda florestal) do local, conforme pode ser verificado pelo resumo de sua biografia, se segue abaixo.
Quatro dos cinco filhos de Orlando Prezotto estiveram presentes na homenagem: Ana Maria, acompanhada do marido Valter Pissinati; Orlando Filho, acompanhado da esposa Maria José; Sérgio; e Davi, acompanhado da esposa Lúcia Helena. Todos os filhos presentes teceram algumas palavras em relação à homenagem prestada ao pai.
Marlene Francisca Tabanez, Chefe da seção de Reservas do Parque, discorreu sobre as atividades desenvolvidas no local, incentivando os jovens a se envolverem na preservação do meio ambiente e comemorarem no futuro os 100 anos do Parque.
Na sequência, já no arboreto, foi descerrada uma placa comemorativa com os seguintes dizeres: Arboreto Orlando Prezotto – Homenagem ao Sr. Orlando Prezotto que dedicou parte de sua vida à conservação da gleba da Mata do Poção da Fazenda Mariana, atualmente Parque Estadual de Porto Ferreira – Novembro de 2012.
O pesquisador de história do município,Miguel Bragioni, usou da palavra e acrescentou interessantes informações sobre a família Prezoto e a antiga Fazenda Santa Mariana, para todas as pessoas presentes.
Já por volta das 11 horas os convidados participaram de um lanche oferecido pela direção do Parque Estadual.
ORLANDO PREZOTTO – Resumo da Biografia, por Sérgio Prezotto (filho)
Natural de Porto Ferreira, nasceu em sete de setembro de 1.921. Filho de Luiz Prezotto e Thomazia Colina Prezotto, neto de imigrantes italianos que fizeram sua história na Fazenda Santa Mariana, neste município, onde morou e cursou os primeiros anos do antigo Grupo Escolar, tendo como professora dona Olímpia Teixeira, que o ajudou a despertar o interesse pela leitura e conhecimento.
Aos catorze anos, já adolescente, foi morar em São Paulo com os proprietários da fazenda, Dr. Décio e Dona Urbaninha Cintra Vieira Palma. Em seu novo lar, ele desempenhou a função de ajudante de copa e cozinha, o que contribuiu para despertar o interesse pela culinária e se tornar mais tarde um excelente mestre.
Dando continuidade em seus estudos, terminou o Clássico (atual ensino médio) e cursou Contabilidade na Escola Técnica de Comércio “Graça Aranha”, em São Paulo.
Em 1945, já com diploma de Contador e pronto para o mercado de trabalho, foi convidado para ser funcionário do Banco Moreira Salles, mas Dr. Décio Vieira Palma sugeriu que ele voltasse para Porto Ferreira junto de sua família e o ajudasse na fazenda.
Aos poucos foi conhecendo as atividades rurais e desempenhando cada vez mais um trabalho brilhante como guarda-livros (contador), chegando a administrador da fazenda, Também era o enfermeiro, o capelão (que rezava terços), o cozinheiro, fazendo bolos e salgados para casamentos do pessoal da fazenda e região. Era conhecido como pegador de cobras, para mandar para o Instituto Butantã em São Paulo para trocar por soro antiofídico. Ainda, tinha uma função muito árdua, mas importante, pois desempenhava a função de guarda caça (guarda florestal), fiscalizando e patrulhando as matas da fazenda, contra caçadores que faziam suas armadilhas, cevas para capturar animais, inclusive na Mata Procópio, que na época pertencia à Fazenda Santa Mariana.
Em 1947 casou-se com Anna Barboza Prezotto. Dessa união teve cinco filhos: Ana Maria, casada com Valter Pissinatti; Orlando Filho, casado com Maria José dos Santos; Vera Lúcia, casada com Dionísio Ferreira da Silva; Sérgio, casado com Célia Regina Mariano de Mello; e, David, casado com Lúcia Helena Destéfano.
Em 1966 ficou viúvo e desempenhou um papel muito importante na vida de seus filhos, pois acabou sendo pai e mãe ao mesmo tempo, dos seus filhos ainda pequenos. Mostrou com cada gesto e palavras a importância da União e Amor para entender a Vida, o que até hoje essa união permanece entre os filhos.
Em 1968, casou-se com Ermelinda Cortez, que veio a falecer em 1970. Casou-se novamente em 1972, pela terceira núpcias, com Reni Prudêncio, com quem viveu até o fim de sua vida. Dessas duas últimas uniões não tiveram filhos.
Em 10 de outubro de 1976 deixou de ser administrador da Fazenda Santa Mariana e veio a morar na cidade. Aqui em Porto Ferreira trabalhou na antiga Vidraria Porto Ferreira, Vidroporto, e descaroçador da Fiação Amélia, onde conseguiu se aposentar.
Sempre trabalhou nas quermesses das igrejas e almoços das entidades beneficentes. Gostava muito de pescar no Mato Grosso com seus parceiros: Marcier Martins, João Pelegrini, Vardão Lourenço, Dr. João Vilas Boas, Dr. Wilson Duz e muitos outros, sempre como cozinheiro, que era sua especialidade.
Estando aposentado, gostava de fazer seu doce de leite, que se tornou tradicional na cidade, e frequentar o bar Alvorada, onde junto com os amigos gostava de passar horas jogando baralho (truco e bestia) e era chamado pelos amigos de “canhão”. Apreciava jogos de bocha, local onde esteve poucas horas antes de falecer.
Faleceu no dia 07 de março de 2010, aos 88 anos de idade, deixando esposa, cinco filhos, dez netos e dois bisnetos.
ARBORETO ORLANDO PREZOTTO
Arboreto é uma coleção de árvores e arbustos, ordenados e identificados, cultivados para fins científicos, educacionais e recreativos.
O plantio das mudas que deram origem a esse Arboreto teve início em 1995. A ideia era apenas formar uma cortina vegetal entre o Centro de Visitantes, demais construções e atividades do Parque.
O local escolhido para o plantio fazia parte de uma antiga área de pastagem da Fazenda Santa Mariana, onde a vegetação original era de Cerrado. No entanto, para o bom desenvolvimento das espécies foi necessária a preparação do solo, com correção de acidez e adubação.
Desde o início houve a preocupação em tornar a coleção de árvore mais rica, com a diversificação e inclusão de espécies ameaçadas, porém, em alguns momentos tivemos dificuldades em conseguir novas espécies e com isso algumas foram repetidas nos plantios em datas comemorativas.
Ao longo desses anos nas Semanas do Meio Ambiente e da Árvore, alunos com seus respectivos professores e outras pessoas da comunidade participaram dos plantios de mudas juntamente com os funcionários do Parque. Assim, o Arboreto está se formando.
Hoje, o Arboreto conta com mais de 100 espécies representantes dos ecossistemas de Cerrado, Floresta Estacional Semidecidual e outros associados à Mata Atlântica, da Amazônia, e ainda algumas de outros países. Esse número pode aumentar, pois ainda existe espaço para novos plantios.
Nessa data especial, em que o Parque comemora 50 anos de criação, aproveitamos para homenagear o Sr. Orlando Prezotto, que foi um conservacionista, pois desde a década de 1940, já protegia a “Mata do Poção” da Fazenda Santa Mariana. Em 2002, em seu depoimento nos disse:
“eu tinha essa carteirinha para ter autoridade para expulsar caçadores. Essa foi a ideia de meu patrão, o Dr. Décio (….) eu vinha dia sim e dia não fazer a fiscalização a cavalo. Descia o Ribeirão dos Patos, passava todo o Rio Mogi Guaçu e subia o Córrego Água Parada. Saía na beira da Santa Ritinha e retornava à sede da fazenda.”
Por isso, queremos compartilhar e disponibilizar mais esse espaço educativo do Parque Estadual de Porto Ferreira para todos aqueles que tiverem interesse em conhecer, de maneira didática, algumas espécies, e também para realizar pesquisas e atividades como contemplação entre outras riquezas…
Confira imagens do evento na estação “fotos” do site ou clicando no link abaixo:
http://www.portoferreirahoje.com.br/foto/2012/11/26/comemoracao-dos-50-anos-do-parque-estadual-de-porto-ferreira/