Com alíquota de 50%, após pressão “dos Bolsonaros” sobre Trump, exportadores buscam novos mercados para compensar perda de receita
O setor de carne bovina brasileira foi incluído na lista de produtos atingidos pelo “tarifaço” de 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos Donald de Trump ao Brasil, medida que já causa preocupação entre exportadores e pecuaristas.
Apesar das tentativas de negociação, o Brasil, que é o segundo maior fornecedor de carne bovina aos EUA, agora enfrenta prejuízos bilionários em receita, enquanto os frigoríficos buscam alternativas para realocar volumes antes destinados ao mercado norte-americano.
Antes mesmo de a tarifa entrar em vigor, os pecuaristas foram os primeiros a sentir os efeitos, com quedas nos preços e incertezas no mercado interno. Apesar de uma leve recuperação, a pergunta que permanece é: quem sairá mais prejudicado com a medida, os frigoríficos brasileiros, os produtores rurais do Brasil ou o consumidor dos EUA?
Segundo Fernando Iglesias, coordenador de mercados da Safras & Mercado, o impacto inicial será maior para os frigoríficos, que terá de reorganizar suas rotas de exportação. O desafio será encontrar mercados que absorvam o volume antes vendido aos EUA e que paguem valores competitivos.
Apesar da abertura para que outros países aumentem suas exportações para os EUA, Iglesias ressalta que Austrália, Uruguai e Argentina têm capacidade limitada. “Eles vivem uma situação que podemos chamar de ‘cobertor curto’. Não vão conseguir priorizar os EUA sem desabastecer outros mercados”, explica.
É aí que o Brasil pode entrar. “Quando olhamos para a capacidade de produção no setor de carnes, o Brasil é o único que pode atender várias frentes de demanda simultaneamente”, complementa. Enquanto a indústria se adapta, porém, o consumidor norte-americano pode sentir no bolso a redução da oferta de carne brasileira, historicamente mais acessível que a de concorrentes diretos.
Agora, o setor aguarda para ver se a realocação de volumes compensará os prejuízos ou se a tarifa trará perdas duradouras para toda a cadeia produtiva.
Fonte: Agro Estadão