Quem olha para o rosto sorridente e iluminado de Fátima Conceição do Rosário Bruno, de 45 anos, durante seu trabalho como orientadora social, no Centro de Referência de Assistência Social da Prefeitura de Porto Ferreira, não percebe as dificuldades pelas quais passou para chegar onde está.
Como muitas outras mulheres de sua idade, com as mesmas dificuldades financeiras, Fátima trocou os livros pelo trabalho para ajudar no sustento da família. Casou-se jovem e logo engravidou. Mas os salários pagos a quem tem pouco anos de estudo são baixos, e logo a assistente social percebeu que para crescer profissionalmente teria de voltar a estudar. Depois de 15 anos, ela se sentou pela primeira vez em uma sala de Ensino Médio, no Ensino de Jovens Adultos (EJA), na Escola Estadual Washington Luís. “E não parei mais”, afirma.
O passo seguinte era entrar em uma faculdade. Porém, havia a dificuldade de conciliar estudo, trabalho e família. Com o apoio dos pais, que auxiliaram no cuidado com o filho, Fátima matriculou-se no curso de Serviço Social, no polo da Unip de Porto Ferreira, na modalidade Ensino à Distância (EaD). Desse modo, não precisava ir à unidade todos os dias, podia organizar-se para estudar em casa e nos fins de semana e o custo do curso era acessível ao seu orçamento. Para arcar com o investimento pessoal, trabalhou como cuidadora de umcasal de idosos no período da manhã e como funcionária da limpeza, no prédio da Prefeitura, à tarde. E, à noite, ainda seguia para a Unip, quando precisava fazer provas, trabalho ou estágio.
Para acompanhar as disciplinas, já que o curso exige bastante leitura, ela contou com o apoio de seus colegas de turma que se encontravam em situação semelhante à dela. Três anos e meio depois, todo o esforço foi compensado: “Tive uma sensação de vitória, de missão cumprida”, conta Fátima, sobre o dia em que pôs as mãos em seu certificado de graduação. “Chorei muito”, completa. Para ela, o diploma foi um divisor de fases em sua vida: se antes sentia-se “invisível”, agora, poderia construir sua carreira.
Assim, formada, ela prestou um concurso para assistente social e foi aprovada. Fátima, passou de ajudante de limpeza à orientadora do serviço social. Mas ainda não se deu por satisfeita. Continua fazendo cursos para se qualificar e está na dúvida entre fazer uma especialização ou uma nova faculdade.
Para Fátima, conhecer pessoas novas, ampliar seu conhecimento de mundo e melhorar de vida são os principais ganhos advindos da graduação. “O estudo é base para tudo”, finaliza.
