Dia 13 de março de 2010, Rubens, meu sobrinho, passou de carro na casa de minha mãe e lá vou eu andar pela região do Ipiranga. De carona, saí de casa às 7h da manhã.
Passamos por São João Climaco, Liviero, marginal do Rio dos Meninos até o final da Avenida Presidente Wilson, divisa de São Caetano do Sul com Vila Carioca, Ipiranga-SP.
Observando a paisagem que nos rodeava, lembrei que existia uma grande lagoa do outro lado da pista, que conhecíamos por “Lagoa dos Parentes” (não sei a razão deste nome numa lagoa).
Depois da ponte que liga São Paulo com São Caetano do Sul, tinha outra lagoa por nome “Louça”; mais à frente, já no fim da Avenida Presidente Wilson, tinha também a “Lagoa do Matarazzo”, isto em razão de que a lagoa ficava bem próxima dos galpões das Indústrias Matarazzo; e uma outra por nome de “Tibum”, que ficava bem próxima aos alambrados da Refinaria Shell.
A viela situada na Rua Colorado com Rua Lício de Miranda está fechada; vizinho dela, nos anos 50, tinha o bar do Sr. Barriguinha, pai do Maércio Romanholli, meu professor de música.
Andando a pé pela Rua do Manifesto, fui observando muitas construções de torres, prédios de apartamentos. O expansionismo continua, mesmo com todos os problemas que a cidade tem, a capital de São Paulo ainda próspera.
Agora, caminhando pela Rua Leais Paulistanos, Rua dos Sorocabanos, na minha cabeça estava a ponte do Rio Ypiranga, local em que, nos anos de 1960, eu e o mano Rubens almoçamos. Até ironizamos: “Se o D. Pedro I deu o grito por aqui, eu não posso afirmar, mas nós acabamos de almoçar, então, está 1 a 1”. Está tudo diferente: mudaram o local da ponte, agora temos duas, uma de cada rodeando o Parque da Independência.
Circulei pela área do parque: fotos da velha casa, fotos do museu, da fonte, enfim, passei uma bela tarde, recordando 40 anos passados.
Quando já estava indo embora, ouvi um som, um tanto esquisito. Música atrai músico: encontrei o Vicente (chileno), um músico solitário embaixo do arvoredo. Ele estava tocando uma gaita de fole. Perguntei sobre o instrumento e ele disse que era chileno, mas gostava de tocar músicas estilo gallega. A nossa conversa se prolongou, ele fez um comentário sobre as origens do povo chileno e citou “patagonia”, referindo-se a uma etnia indígena que habitava essa região, e que o nome Patagonia é em razão aos habitantes que eram muito altos e tinham os pés grandes. Isso eu não sabia, mas respondi com uma frase, dizendo que a palavra “pataca” é originária das patas dos cavalos. Moeda do tempo do Império Colonial Português. Então, ficou 1 a 1: patagonia do chileno e a minha pataca.
Iniciamos um bate-papo, e na conversa, dizia ele que todos os sábados ele vinha ensaiar naquele local, e que naquele dia, 13 de março de 2010, era um dia especial, afinal, ele ia tocar no SHB (Sociedade Hispânica Brasileira), localizado na Rua Ouvidor de Portugal, travessa da Avenida Dom Pedro I, Ipiranga-SP.
Autoria: Tangerynus