Antônio Lázaro Valeriani Marques é entrevistado pelo JCnet de Bauru

Um homem de muitos feitos e, portanto, de muitas histórias. É o mínimo que se pode dizer de Antônio Lázaro Valeriani Marques. Aos 80 anos de idade, o professor doutor especialista em microbiologia clínica, que abrange também micologia e imunologia, conhecido por seu trabalho na Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP), desde a sua fundação, coleciona passatempos e afirma que ser útil e ajudar é o principal deles. “Estou aposentado desde 1993, mas ainda frequento a FOB. Faço sugestões, oriento pesquisas e trabalhos…”

Plantas do jardim e a oficina caseira com equipamentos de marcenaria, eletricidade, pintura, soldagem, hidráulica, pedreiro e até encanador fazem parte das atividades que completam o dia de “seo” Lázaro. Patriota, ele criou o Movimento de Valorização dos Símbolos Nacionais, para defender os erros cometidos com a bandeira e o Hino Nacional.

No currículo, inúmeras palestras, congressos e artigos publicados. O especialista em fotografia médica também já ocupou cargos em diversas associações como a presidência da Comissão Examinadora da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, além de ter sido o representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Bauru e região pelo do programa de Livro de Texto.

Considerado “brigão” por alguns, ele ganhou na Justiça o direito de receber a lista de assinantes da Telefônica em Bauru e gerou polêmica por uma campanha nacional a favor da letra legível para médicos. “No meu currículo tem uma página com o título de “chato”. Não me sinto magoado com isso. Tenho a consciência livre, não compactuo com nada, então posso falar o que eu quiser”.

Antônio Lázaro Valeriani Marques tem três filhos, 10 netos e 5 bisnetos. Acompanhe, a seguir, algumas das principais passagens de sua vida.

JC – Professor: afinal, como tudo começou?
Antônio Lázaro – Nasci na cidade de Porto Ferreira e, em 1933, minha família se mudou para São Paulo, onde fui criado. Já em 1947, prestei concurso para a Escola Preparatória de Cadetes do Exército Brasileiro, onde permaneci até trancar minha matrícula para fazer cursinho para o vestibular de medicina, isso em 1950. Fiz faculdade medicina na Faculdade de Medicina de Sorocaba, uma das primeiras do País, pertencente a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).

JC – E porque escolheu Bauru para viver?
Antônio Lázaro – Depois de formado, passei a ser professor assistente na disciplina microbiologia, em Sorocaba, até receber dois convites para trabalhar em Bauru: um para ser médico no antigo Sanatório Aimorés, hoje Instituto Lauro de Souza Lima, e outro para ser o professor responsável pela disciplina de microbiologia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (FOB/USP). O curso da FOB começou em 1962 e minha primeira aula foi em julho daquele ano. Então posso dizer que ajudei a FOB/USP a nascer. Por medidas administrativas, a USP determinou que eu trabalhasse em tempo integral na instituição. Fui obrigado a sair do Aimorés, mas compensei minha saída trabalhando voluntariamente por dois anos no período noturno. Também foi nessa época que obtive meu título de doutor.

JC – O senhor ainda frequenta a FOB, certo?
Antônio Lázaro – Depois de 30 anos de trabalho, em 1993, veio a aposentadoria. Mas vivo por lá. Almoço, faço sugestões, oriento pesquisas e trabalhos…

JC – Sei que o senhor, além da carreira de professor, desenvolveu muitas outras atividades dentro da profissão.
Antônio Lázaro – Ah, sim. Fui presidente da Comissão Examinadora da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica por 18 anos e membro da Academia de Medicina de São Paulo, onde tenho os títulos “Titular, Emérito e Honorário”. Também participei de muitas associações: Associação Medicina Brasileira, da Associação Paulista de Medicina/SP e Associação Paulista de Medicina Regional de Bauru, entre muitas outras sociedades e associações médicas. Fui médico cooperado da Unimed de Bauru e representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Bauru e região pelo Programa de Livro de Texto.

JC – Entre os inúmeros cursos e palestras em seu currículo, quais são os memoráveis?
Antônio Lázaro – Realizei dezenas de cursos na área de controle de infecção hospitalar. Fui um dos iniciantes brasileiros no curso de biossegurança em consultório odontológico. Tal assunto se desenvolveu após o primeiro caso de Aids na Escola Paulista de Medicina. Cheguei a apresentar o curso de micologia médica em 19 estados. Também tenho estudos sobre a água-de-coco, o líquido mais limpo que existe. Há um autor que diz que se conseguirem acrescentar glóbulos vermelhos na água-de-coco, ela vira sangue. Para você ter ideia, em 1945, estava faltando sangue na guerra e eles injetavam água-de-coco na veia dos soldados. Na vida prática, os atletas comem banana por causa do potássio, mas a água-de-coco tem 10 vezes mais dessa substância.

JC – O senhor também é especialista em fotografia médica, certo?
Antônio Lázaro – Desenvolvi um curso prático nessa área e publiquei vários artigos em revistas. Até criei uma mesa especial para fazer slides, inclusive os alunos usam. Na verdade, sempre fui um apaixonado por fotografia. Tenho conhecimento profundo em fotografia médica, fotomicrografias e possuo um vasto material sobre o assunto. Sou um apaixonado por fotografia e foi dentro dessa minha paixão que ganhei o maior presente da minha vida: uma rara máquina Leica disponível desde 1935 e em minhas mãos desde 1998, o mesmo modelo usado na Segunda Guerra por Hitler. Tal máquina foi de um querido amigo, Paulo Vicente Pavaneli. Ele, que também era um apaixonado por fotografia, pediu para que sua esposa me desse de presente após sua morte. Em vida, ele nunca me emprestou e eu disse que a roubaria (risos). Tenho muitas outras máquinas, inclusive uma que meu pai me deu, uma alemã de 1925, que chegou em minhas mãos quando eu tinha uns 15 ou 14 anos de idade, foi a primeira.

JC – Como o senhor pratica o citado hobby “ser útil e ajudar”?
Antônio Lázaro – Procuro fazê-lo de várias formas. Por exemplo, tenho acesso à inúmeras revistas e jornais. Então, separo artigos e reportagens que julgo interessante sobre diversas áreas, faço cópias e distribuo para amigos, familiares e profissionais que possam aproveitar o material.

JC – Disseram-me que o senhor também é um pouco marceneiro, pintor, eletricista… É verdade?
Antônio Lázaro – (Risos) Tenho uma pequena oficina caseira com equipamentos de marcenaria, eletricidade, pintura, soldagem, hidráulica, pedreiro e até encanador. Gosto e faço disso tudo um pouco. Minha família, vizinhos e amigos vivem me pedindo para consertar as coisas. Só nunca fui muito bom com eletrônica.

JC – Como surgiu a ideia de criar o Movimento de Valorização dos Símbolos Nacionais?
Antônio Lázaro – Isso partiu de minha formação em cidadania, principalmente na escola militar. Passei a me preocupar com o uso incorreto da nossa bandeira e com a falta de respeito ao Hino Nacional. Um dos erros que mais me irrita é quando dizem que não se deve bater palmas após a execução do Hino. Este ato não é proibido após a execução e sim durante. Os aplausos devem ser vistos como forma de admiração, manifestação de alegria e reconhecimento. Outra falha gritante é o esquecimento, por parte de algumas entidades de Bauru, de colocar a bandeira da cidade em manifestações solenes.

JC – Mas eu sei de outra paixão do senhor: o Fusca!
Antônio Lázaro – (Risos) Esse carro tem uma história interessante. Quando meu filho entrou na faculdade de medicina em Ribeirão Preto, em 1978, eu dei esse carro para ele. Pouco tempo depois, ele me veio com a proposta de trocar com o meu Passat, que era usado. Eu disse que não entendia, já que o fusca era zero, e ele falou que era um carro careta. Então, o Fusca foi batizado de careta (risos).

JC – O senhor ganhou na Justiça o direito de receber a lista de assinantes da Telefônica. Como foi essa história?
Antônio Lázaro – Eu tinha uma colega de cursinho e não achava o seu endereço para uma reunião de estudantes depois da faculdade. Fui até o Museu da Telefônica, em São Paulo, e disse que queria o endereço de tal família. Peguei a lista e achei. Quando estava procurando, eu vi a lista de Bauru, o que foi uma surpresa, porque eu nunca havia visto uma. Eles disseram que faziam números limitados por causa da Internet. Mas na própria lista está escrito que ela tem distribuição obrigatória e gratuita. Não quiseram me dar um exemplar. Então, entrei na Justiça e ganhei a causa.

JC – E aquela “briga” sobre a letra legível para médicos?
Antônio Lázaro – Fui presidente da Associação Paulista de Medicina por 4 anos e secretário por 12 anos. Todo mundo me perguntava porque é que os médicos têm letra feia. Não sei a justificativa. Fiz uma campanha e comecei a escrever artigos que saíram em jornais, revistas e TV do País. Fui elogiado por muitos e criticado por alguns.

JC – O senhor se considera um “brigão” (risos)?
Antônio Lázaro – (Risos) Outro dia falei isso na faculdade e a turma deu risada. No meu currículo tem uma página com o título de “chato”. Não me sinto magoado com isso. Tenho a consciência livre, não compactuo com nada, então posso falar o que eu quiser. Tenho dois pensamentos adotados por mim: “Aprendi tudo o que me ensinaram e ensinei tudo o que aprendi” e “Só conheço um lugar onde o sucesso vem antes do trabalho: no dicionário”.

Fonte: jcnet.com.br. de Bauru, por Ana Paula Pessoto
Foto: Internet

Confira um artigo que trata da lista de assinantes da Telefonica, acima mencionada, clicando em:
http://www.idec.org.br/consultas/caso-real/direito-a-lista-impressa

Compartilhar

Comentar

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Ofertas

Rádio

Cotação Diária

BRL/USDR$5,48
BRL/EURR$6,36
BRL/BTCR$608.655,56
BRL/ETHR$23.113,5
21 ago · CurrencyRate · BRL
CurrencyRate.Today
Check: 21 Aug 2025 20:05 UTC
Latest change: 21 Aug 2025 20:00 UTC
API: CurrencyRate
Disclaimers. This plugin or website cannot guarantee the accuracy of the exchange rates displayed. You should confirm current rates before making any transactions that could be affected by changes in the exchange rates.
You can install this WP plugin on your website from the WordPress official website: Exchange Rates🚀
Edit Template

Sociais

Youtube

*Os textos publicados são de responsabilidade exclusiva do autor e não refletem, necessariamente, a opinião deste veículo de comunicação ou de seus controladores.

*Proibida a reprodução total ou parcial, cópia ou distribuição do conteúdo, sem autorização expressa por parte desse portal.