O Voa Viola – Festival Nacional de Viola divulga os 24 trabalhos selecionados, dentre os 339 inscritos em edital nacional. Com patrocínio exclusivo da Caixa, o projeto está em sua segunda edição e apresenta um panorama do uso da viola no Brasil.
“Tivemos um excelente nível de qualidade entre os trabalhos inscritos”, afirma Roberto Corrêa, curador do projeto junto a Paulo Freire. O júri que analisou os trabalhos inscritos contou com a participação do jornalista carioca especializado em música Tárik de Souza, o músico e poeta pernambucano Lirinha e o pesquisador e músico gaúcho Arthur de Faria. “O resultado é reflexo da diversidade musical que encontramos, o que mostra que a viola está presente em todas as regiões do país, em diversas expressões musicais e o interesse pelo instrumento está em músicos de todas as idades. O panorama Voa Viola, além da qualidade e originalidade, busca mostrar toda esta diversidade”, define o curador.
Selecionados
Entre os selecionados, está Victor Gulin, violeiro de apenas 14 anos. Curitibano, o garoto começou a tocar viola com nove anos. Filho do também violeiro Rogério Gulin, iniciou sua carreira aos 10 anos, dividindo o palco com nomes como Pereira da Viola e Ivan Vilela. Ele vem se destacando como um virtuose do instrumento, tocando peças de Roberto Corrêa e Fernando Deghi. Com 77 anos, Manoel de Oliveira, mais conhecido como Seu Manelim, é mestre violeiro de Urucuia, interior de Minas Gerais, onde muitos violeiros vão para aprender com o mestre. Seu último trabalho, Urucuia, vem sendo considerado como a trilha sonora para a obra literária Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.
As tradicionais duplas também estão representadas no panorama. Entre elas, os jovens, de 14 e 11 anos, da dupla Felipe & Fernando. Paulistas de Porto Ferreira, vão da música de raiz ao sertanejo universitário e já se apresentaram em diversos programas de TV. Outros nomes de destaque são os mineiros de Caldas, Alysson e Adysson, inspirados em Tião Carreiro e Pardinho; de Campo Grande, a dupla formada por tio e sobrinho J. Prado & Marcos Henrique vem se destacando, tendo gravado um CD com músicas inéditas; os paulistas de Casa Branca Joilson e Juliano, dedicados à música de raiz; e os curitibanos Tietê e Passaúna, dupla que transita entre bailes paranaenses, festas de Folias de Reis, e os clássicos sertanejos. Finalmente, de Pirajuí, interior de São Paulo, a dupla Levi Ramiro e Marcos Azevedo apresenta uma prosa entre a viola caipira bem ponteada e a base ritmada do violão em milongas, baiões do nordeste e ritmos do universo caipira do interior do país.
Repentistas e cururueiros
Duas duplas que se dedicam ao Repente estão entre os selecionados. Os pernambucanos Edmilson Ferreira e Antonio Lisboaganharam diversos prêmios em festivais dedicados ao desafio poético. Os brasilienses de Ceilândia Chico de Assis e João Santana criam poemas matutos e autênticos na viola nordestina e são dedicados, também, ao caráter educativo, ambiental e lúdico das cantorias.
Os grupos, bandas e orquestras também estão presentes entre os selecionados pelo projeto. O Viola Arranjada é um quarteto de violas de Campinas que experimenta novas sonoridades do instrumento aliadas a uma intensa pesquisa musical para desenvolver seu trabalho. As cariocas do Cordas de Pareia Adriana Manhani, na voz, e Andréa Carneiro, na viola de 10 cordas, vem de destacando, desde 2008, com um repertório que mistura canções inéditas, de domínio público e uma seleção do cancioneiro brasileiro. De Tramandaí, do Rio Grande do Sul, o Grupo Chão de Areia tem dez anos de carreira acompanhando grupos de danças tradicionais gaúchas e acabam de lançar o CDQuem Somos Nós, com modas, milongas, catiras e cateretês. Vindos de Cascavel, Paraná, o Viola da Terra – formado por Ricardo Denchuski, Leonardo Mariani, Daniel Souza e Everton Oliveira – se dedica exclusivamente a composição instrumental para a viola caipira, e prepara seu segundo CD. Com cerca de 50 integrantes, a Orquestra Paulistana de Viola Caipira já tem 13 anos de estrada e executa clássicos da música caipira e erudita e também ritmos como o cururu, toada, rasta pé, cateretê, pagode sertanejo e recortado. Acaba de fazer sua primeira turnê internacional por Portugal. Também com o intuito de preservar a tradição do siriri, executado com a viola de cocho, oGrupo Folclórico Raízes Cuiabana, do Mato Grosso, já participou de diversos festivais e tem 14 dançarinos, além de quatro tocadores, quatro corais e três figuras lendárias em sua tradicional formação.
Virtuoses e cantadores
Os solistas e cantadores também estão contemplados. Com três CD´s no currículo, o músico de Contagem, Minas Gerais, Bilora se dedica atualmente a gravação de seu quarto trabalho com composições próprias e domínios públicos voltados para sua região natal, com participação da comunidade onde nasceu e de índios Maxakali. A capital pernambucana está representada pelo compositor, arranjador, produtor e violeiro Caçapa, que já trabalhou com Nação Zumbi, Siba e a Fuloresta, Iara Rennó, entre outros, e tem o disco solo instrumentalElefantes da Rua Nova. Outro pernambucano selecionado é Hugo Linns, arranjador, compositor, diretor musical e produtor, licenciado em Música pela Universidade Federal de Pernambuco. Linns explora novas possibilidades musicais da viola dinâmica, nunca antes experimentadas. De São Paulo, comparece o multi-instrumentista Neymar Dias, que toca viola caipira, guitarra, violão, baixo elétrico, guitarra havaiana e bandolim. Estudou composição e regência na FAAP-SP e traz em sua memória musical a mistura do jazz à música erudita. O também paulistano Renato Anesi é líder e fundador do trio Corda Coral e já tocou com nomes como Tom Zé, Zé Geraldo e Yamandú Costa. De Cuiabá, o músico, pesquisador e educador Sidnei Duarte já tocou com Toninho Horta, Roberto Corrêa e Carlos Malta. Atualmente é músico da Orquestra do Estado de Mato Grosso, onde toca viola de cocho e finaliza um CD instrumental com composições próprias. De Vitória da Conquista, Bahia, o cantor, compositor e instrumentista Papalo Monteiro, apresenta sua união da música com a poesia, tendo escolhido a MPB experimental como gênero, fazendo uma mistura com ritmos regionais brasileiros. Instrumentista virtuose, vindo de Campo Grande, o violonista de formação clássica Marcelo Loureiro, traz em seu repertório a expressividade da música da fronteira executada na viola caipira.
Panorama
Conheça mais sobre os 24 selecionados e ouça suas músicas no Resultado do Festival, localizado no portal do projetowww.voaviola.com.br. O endereço apresenta o Panorama Voa Viola com os selecionados da segunda e da primeira edição do festival, com suas músicas e perfis.
Seleção popular
O público pode escolher seus artistas preferidos pelo site do projeto. Serão 12 os contemplados para tocar em quatro grandes apresentações, entre maio e junho em Cuiabá, Porto Alegre, Manaus e Rio de Janeiro, com grandes nomes da viola e da música brasileira. A seleção acontece na rede social do projeto, no portal www.voaviola.com.br por meio de um sistema inovador intitulado Aplausômetro. A maior rede social violeira criou um método original de seleção desenvolvido especialmente para o seu público. A definição dos selecionados para as apresentações será feita a partir do “volume” de aplausos que os internautas fizerem para seus artistas preferidos. Os usuários que mais aplaudirem ficarão nas primeiras filas da página dos músicos e poderão também interagir com eles.
Rede social violeira
Como na edição anterior, as apresentações do Festival Nacional de Viola serão transmitidos ao vivo pelo portal. Além disso, o público poderá participar enviando perguntas aos artistas, que serão feitas na coxia logo após as apresentações. Trechos das apresentações ficarão disponíveis na página do Youtube do projeto. No Facebook e Twitter também será possível interagir e conferir a agenda das apresentações, novidades do mundo da viola e notícias relevantes sobre música.
Eventos paralelos
O festival também concede prêmios especiais de R$8 mil para os destaques nos segmentos Tradição, Inovação, Dupla, Instrumental, Canção e Desafio. Os ganhadores são escolhidos pelo júri e o resultado será anunciado durante os shows. Como na edição passada, também faz parte das atividades do Projeto um Seminário para discussão de temas relevantes da viola, que será realizado em Belo Horizonte, de 11 a 13 maio de 2012.
LISTA DE SELECIONADOS
BA
Papalo Monteiro (Vitória da Conquista)
DF
Chico de Assis e João Santana (Ceilândia)
MG
Alysson e Adysson (Caldas)
Bilora (Contagem)
Manoel de Oliveira – Mestre Manelim (Urucuia)
MS
J. Prado & Marcos Henrique (Campo Grande)
Marcelo Loureiro (Campo Grande)
MT
Sidnei Duarte (Cuiabá)
Grupo Folclórico Raízes Cuiabana (Cuiabá)
PE
Edmilson Ferreira e Antonio Lisboa (Recife)
Hugo Linns (Recife)
Caçapa (Recife)
PR
Tietê e Passaúna (Curitiba)
Victor Gulin (Curitiba)
Viola da Terra (Cascavel)
RJ
Cordas de Pareia (Rio de Janeiro)
RS
Grupo Chão de Areia (Tramandaí)
SP
Felipe & Fernando (Porto Ferreira)
Joilson e Juliano (Casa Branca)
Neymar Dias (São Paulo)
Orquestra Paulistana de Viola Caipira (São Paulo)
Renato Anesi (São Paulo)
Viola Arranjada (Campinas)
Levi Ramiro e Marcos Azevedo (Pirajuí)
Fonte: Com informações do Voa Viola
