Os bancários mais uma vez conquistam na luta pelo 10º ano consecutivo aumento real para os salários. Após 23 dias de greve, em que deram mostras da sua capacidade de mobilização e organização, os trabalhadores unidos venceram a queda de braço com os bancos que desde o início da Campanha Nacional Unificada 2013 afirmavam que este ano não haveria ganho acima da inflação.
Os bancários estão de parabéns, foram firmes e fizeram uma bela luta. Conseguimos aumento real e quem participou sabe muito bem como foi difícil avançar. Foram muitos dias de paralisação e agora, para quem fez parte da mobilização, a sensação da conquista é ainda melhor por fazer parte da maior greve de bancários nos últimos 20 anos. Avançamos mais uma vez.
Reforçando que é a participação dos trabalhadores ao lado da sua entidade representativa o principal motor dessa luta. “Essa relação de confiança e parceria se fortaleceu ainda mais e isso é muito importante para toda a categoria.
Proposta do Acordo
Aumento maior – 8% de reajuste para salários, vales e auxílios (1,82% de aumento real), os pisos sobem 8,5% (ganho real de 2,29%). Desde 2004, a mobilização dos trabalhadores garantiu acúmulo de 18,33% de aumento real para os salários e 38,7% no piso.
Maior distribuição de lucro – Aumento da PLR adicional: De 2% para 2,2% de distribuição do lucro líquido linearmente entre os trabalhadores. Teto da distribuição teve reajuste de 10%, passando para R$ 3.388.
Esse 0,2% a mais conquistados pelos bancários representam R$ 120 milhões do lucro do setor no último ano. Um grupo de trabalho composto por representantes dos bancários e dos bancos vai debater um novo modelo para tornar mais justa a Participação nos Lucros e Resultados.
A regra básica da PLR continua a mesma, mas com aumento de 10% na parte fixa (aumento real de 3,71%). Fica assim a distribuição: 90% do salário mais R$ 1.694. Caso o montante não atinja 5% do lucro líquido do banco, os valores serão majorados até atingir 2,2 salários ou até os 5% do lucro, o que ocorrer primeiro.
Vale lembrar que este ano os bancários já contam com outra conquista: a PLR sem desconto de imposto de renda para valores de até R$ 6 mil.
A primeira parcela da PLR e do adicional vem em até dez dias após a assinatura do acordo, o que deve acontecer até a sexta-feira 18.
Folga e cultura – Os bancários agregaram duas novas conquistas à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). A primeira é o dia de folga a título de abono assiduidade para todos os trabalhadores que ainda não contavam com o direito.
A categoria também garantiu o vale-cultura de R$ 50 para aqueles que ganham até cinco salários mínimos, de acordo com a lei.
Condições de trabalho – Outra conquista deste ano contra a pressão por metas é a proibição de envio de torpedos (via SMS) para o celular do bancário.
O instrumento de combate ao assédio moral também está sendo aprimorado, com redução do prazo de retorno dos bancos sobre as denúncias feitas pelos sindicatos: de até 60 dias caiu para até 45 dias.
Dias parados – Os bancos queriam descontar o período em que os trabalhadores estiveram em greve ou que houvesse compensação por até 180 dias. Isso gerou um grande impasse que interrompeu a rodada de negociação por quase todo o dia, já que o Comando Nacional dos Bancários não aceitou o desconto nem a compensação total, como a Fenaban queria.
A pressão dos representantes dos trabalhadores garantiu que não haverá desconto, somente compensação dos dias parados até 15 de dezembro em no máximo uma hora por dia. Isso representa anistiar 71% dos dias parados.
ALDO FIO ROCHA – DIRETOR DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS DE PIRACICABA E REGIÃO E DELEGADO JUNTO A FEDERAÇÃO DOS BANCÁRIOS DE SÃO PAULO E MATO GROSSO.