O que antes não passava de boato em razão da não confirmação oficial por parte da empresa, tornou-se uma triste realidade na última terça-feira (20/05): a Rigor Alimentos, que há quase quatro anos assumiu o abatedouro e a fábrica de rações da antiga Cooperativa Agrícola Mista do Vale do Mogi Guaçu, cessou atividades em meio a falta de informações e muita incerteza.
Assim como aconteceu em 2009, funcionários se postaram na manhã da terça-feira defronte ao abatedouro, pleiteando o ‘vale’ que tradicionalmente é pago todo dia 20 de cada mês e a cesta básica a que tinham direito, além de um posicionamento oficial por parte da Rigor sobre o encerramento das suas atividades ou não.
De acordo com informações obtidas no local, os funcionários receberam um comunicado impresso por parte da empresa, de que na terça-feira receberiam os seus benefícios (cesta e o vale), o que não aconteceu.
Revoltados, eles paralisaram o expediente no aguardo de respostas por parte da Rigor. Cerca de três caminhões carregados de aves chegaram a adentrar ao abatedouro, mas em função da situação, foram reencaminhados para frigorífico da cidade de Monte Alegre.
O representante do Sindicado dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação, de Porto Ferreira, Sr. Orlando Santos, esteve presente e foi quem dialogou com o advogado da empresa, recebendo a confirmação de que a Rigor estaria fechando as suas portas em Descalvado. Uma reunião foi feita ainda na tarde da terça-feira, na sede ferreirense do Sindicato, onde o Dr. Rizo Coelho de Almeida Filho se fez presente e anunciou que a Rigor também estaria fechando suas portas nas demais unidades (Jarinú e Monte Alegre do Sul).
“O Dr. Rizzo que é quem representa a Rigor, esteve presente na reunião e confirmou o fechamento da empresa não somente em Descalvado, mas nas suas demais unidades e, o que ficou acertado é que estaremos agendando para que os funcionários assinem o seu aviso prévio”, explicou a Dra. Vanderléia Ap. Zampolo Zanardo.
Segundo a advogada do Sindicato dos Trabalhadores, nem o vale e tampouco a cesta foram repassados aos funcionários e o posicionamento da empresa é do que não tem uma data ainda para cumprir com esses compromissos trabalhistas.
Ainda durante a manifestação ocorrida na terça-feira, o advogado trabalhista Dr. Edevaldo Benedito Guilherme Neves foi acionado pelos funcionários, que mediante a falta de informações, não sabiam como proceder, além é claro, de quererem fazer valer os seus direitos.
Assim como aconteceu quando do fechamento da Cooperativa, Dr. Edevaldo Guilherme, do lado de fora da empresa falou com os funcionários, esclarecendo do ponto de vista jurídico e à luz da legislação trabalhista, as medidas a serem tomadas.
SINDICATO CONVOCA FUNCIONÁRIOS PARA AVISO PRÉVIO
Com a confirmação do encerramento das atividades, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Porto Ferreira está convocando os cerca de 600 funcionários da empresa Rigor para comparecem às sedes em Descalvado e Porto Ferreira, para a assinatura do devido aviso prévio.
“Os trabalhadores descalvadenses devem comparecer na próxima segunda-feira, 26 de maio, a partir das 9h, na sede do sindicato da cidade, que fica na rua Pedro Paulo Penati, nº 02, no bairro de Santa Cruz. Já os moradores de Porto Ferreira, devem se dirigir na terça-feira, dia 27, na sede do sindicato que fica na rua João Mutinelli, nº 170”, ressaltou a Dra. Vanderléia.
Segundo a advogada, as providências agora serão para que no prazo de 10 dias seja disponibilizado a esses trabalhadores o termo de recisão, para que ingressem o quanto antes com o pedido de seguro desemprego e o benefício do fundo de garantia, já que como citado acima, a Rigor Alimentos não tem previsão de quando poderá cumprir com suas obrigações trabalhistas.
RIGOR AINDA NÃO SE PRONUNCIOU
Apesar de ser um fato consumado, a diretoria da Rigor ainda não se manifestou oficialmente a respeito da paralisação de suas atividades em Descalvado.
Ao que se sabe, já há alguns anos a Rigor vem enfrentando problemas de ordem financeira e administrativa em Descalvado. Em meados de 2011, por conta de uma disputa judicial entre a empresa e a antiga Cooperativa, a Rigor chegou a emitir uma nota dizendo que estava repensando a permanência das suas atividades em Descalvado, porém se manteve ainda por quase três anos.
Desde o início de suas atividades, segundo informações da própria empresa, já chegou a criar 800 empregos diretos e mais de 3.000 empregos indiretos. Como parceiros, possuía 200 produtores integrados em Descalvado e região, abrigando um plantel de 6 milhões de aves.
A parceria com a cidade de Descalvado incrementou o faturamento da empresa, que chegou a atingir os R$ 20 milhões de reais anuais, dentro dos mercados interno e externo.
O MESMO PESADELO, VIVIDO POR DUAS VEZES
O espaço temporal foi de cinco anos, mas com o fechamento da Rigor em Descalvado, parece que o ‘pesadelo sócio- econômico’ vivido em razão do fechamento da Coperfrango em março de 2009, aconteceu ontem.
Naquela ocasião, cerca de 1.200 pessoas perderam os seus empregos e Descalvado, a sua maior empregadora e responsável pela arrecadação de 33% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) repassado ao município, o que representava na época R$ 8,1 milhões (cerca de 15% da arrecadação de 2008, que foi de R$ 54 milhões).
Agora, os empregos diretos perdidos são em torno de 600 e, indiretos mais de 1.500. O comércio e tampouco as indústrias estão preparados para absorver essa mão de obra que, em sua maioria é feminina. Caberá ao Poder Executivo buscar alternativas de inserção ao mercado de trabalho, para que o município não venha sofrer novamente, com uma nova crise econômica, semelhante a de 2009.
Fonte e foto: www.descalvadonews.com.br