Na noite de sábado (23) aconteceu no no Anfiteatro Isaltino Casemiro a entrega da Ordem de Mérito Cultural Lourenço Filho, dentro da programação da Semana Cultural que leva o nome do ilustre ferreirense.
A solenidade contou com uma breve apresentação da peça “Víúva Porém Honesta”, pelo grupo Trupe Tons, que será apresentada na íntegra neste domingo (24), último dia da Semana Cultural, a partir das 20 horas, também no Anfiteatro Isaltino; de apresentações coreográficas do Grupo Ello de Dança e do Madrigal Gaudete.
Um público formado por parentes dos homenageados, pessoas ligadas ao mundo da cultura e das artes, e em geral acompanhou as homenagens prestadas às personalidades indicadas. A prefeita Renata Braga, o diretor de Cultura e Turismo Paulo Monteiro, o chefe da Seção de Cultura Renan Fernando Freitas Arnoni estiveram presentes, assim como o vereador Miguel Bragioni, representando o Legislativo.
O Conselho Municipal de Cultura indicou três pessoas para cada categoria: Educador, Escritor, Jornalista/Colunista, Relevância Cultural e Destaque Cultura. Coube a cinco jurados indicados pelo referido Conselho a escolha do ganhador.
Confira os indicados de cada categoria e o vencedor:
– EDUCADOR – Walter Ferreira da Silva, Nilcéa Zadra Barroso Carreira e Antônio Orlando Picollo. Vencedor: Walter Ferreira da Silva,
– ESCRITOR – José dos Santos Filho, Anderson José Vitorello e Alex Magalhães de Souza. Vencedor: José dos Santos Filho.
– JORNALISTA/COLUNISTA – Luís Marcos Siqueira, Cleber Sebastião Fabbri e Benedito Batacline – Vencedor Cleber Sebastião Fabri.
– RELEVÂNCIA CULTURAL – Marcier Martins, Wanderlei de Sousa e Edson dos Santos – Vencedor: Marcier Martins.
– DESTAQUE CULTURAL – Andrey Gustavo Rossi, Grupo de Hip Hop Panic Street Crew (José Roberto Vieira dos Santos) e Studio Ello de Dança (Gisele Pissinatti e Juliana Costa). Vencedor Studio Ello de Dança.
Todos os indicados receberam certificados.
Durante a solenidade Renata Braga, Paulo Mendes Monteiro e Renan Arnoni discorreram sobre a marcante participação de ferreirenses no Mapa Cultural Paulista.
Palavras proferidas pelos homenageados emocionaram o público e mostraram a propriedade de suas indicações, independentemente de quem foi o escolhido por maioria de votos para o recebimento da medalha.
Participaram do corpo de jurados: Apparedido Afonso Espírito Santo (Sr. Neguinho), Thiago Fontes, Ricardo Francalacci, Carlos Augusto Colussi e José Guilherme Galeti Dickfeldt
SEMANA CULTURAL LOURENÇO FILHO
A Ordem do Mérito Cultural ‘Lourenço Filho’ foi instituída em Porto Ferreira pela lei 2.872, de 26 de outubro de 2011. A honra empresta o nome de Manuel Bergström Lourenço Filho, nascido em Porto Ferreira no ano de 1897. Foi educador brasileiro e um dos pioneiros da Escola Nova.
Após a Lei, em seu Parágrafo Único, fica a cargo do Departamento Municipal de Cultura e Turismo, no início de cada ano, definir em qual semana do mês de agosto acontecerá a efeméride.
Quem foi
Nascido em Porto Ferreira, 10 de março de 1897 e falecido em 3 de agosto de 1970, Manuel Bergström Lourenço Filho foi um educador brasileiro conhecido, sobretudo, por sua participação no movimento dos pioneiros da Escola Nova. Sua obra revela diversas facetas do intelectual educador, extremamente ativo e preocupado com a escola em seu contexto social e nas atividades de sala de aula.
Teve uma formação marcada pela influência do pai, o português Manuel Lourenço Filho, comerciante criativo e empreendedor ávido, casado com a sueca Ida Christina Bergström. Desde menino, em contato com vasta literatura, tornou-se um leitor compulsivo. Nas suas próprias palavras: lia com “bulimia e indiscriminação”.
Iniciou a vida escolar na vizinha Santa Rita do Passa Quatro. Prosseguiu em Campinas, depois em Pirassununga e, finalmente, na capital, onde fora diplomado na Escola Normal Secundária, em 1917. Matriculou-se na Faculdade de Medicina para estudar Psiquiatria, mas abandona após 2 anos. Em 1919, ingressa na Faculdade de Direito de São Paulo, vindo a bacharelar-se em 1929, depois de longa trajetória interrompida por várias atividades paralelas que desenvolve, com destaque, no campo educacional.
Sua carreira profissional foi precoce. Pode-se lembrar a premonitória experiência de elaborar um jornal próprio, O Pião, cujo chefe, redator e tipógrafo era ele mesmo, menino de 8 anos ainda. Sua vida evidenciará que esse jornal foi mais do que mero capricho de criança: o “brinquedo” o preparou para exercícios profissionais posteriores. Mais tarde trabalhará no Jornal do Comércio, n’O Estado de S. Paulo e na Revista do Brasil, nesta, ao lado de Monteiro Lobato.
O talento desse educador revelou-se tanto no desempenho discente quanto na atuação docente. Desde o exame de admissão para a Escola Normal Primária de Pirassununga exercitava habilidades docentes ministrando aulas particulares de preparação para os testes admissionais. Também a primeira experiência no ensino público dá-se em sua terra natal, em 1915.
Novo contato com a sala de aula se fará na Escola Normal Primária de São Paulo, na qual leciona diversas disciplinas pedagógicas, em 1920. No ano seguinte é nomeado para a cátedra de Psicologia e Pedagogia da Escola Normal de Piracicaba. Ali funda a Revista de Educação, que recebe seus primeiros artigos. No final desse mesmo ano, casa-se com Aida de Carvalho, que conhecera em Pirassununga, quando ambos eram normalistas.
É possível detectar nesse momento da vida de Lourenço a fusão harmônica entre o leitor, o professor, o escritor, o pesquisador e o administrador, potenciais que começavam a demandar espaço.
Em 1922, a convite do governo cearense, assume o cargo de Diretor da Instrução Pública e leciona na Escola Normal de Fortaleza. As reformas por ele empreendidas no Ceará repercutem no país e podem ser entendidas como germe dos conhecidos movimentos nacionais de renovação pedagógica das primeiras décadas do século.
De volta ao Estado natal, leciona na Escola Normal de Piracicaba durante o ano de 1924. Em seguida, assume a vaga de Psicologia e Pedagogia da Escola Normal de São Paulo, função que ocupa por seis anos, fervilhantes de pródiga produção, de muitas publicações, inclusive traduções. A influência da Psicologia Experimental é evidente em sua obra, sobretudo nesse momento.
Sua participação política também merece destaque: presente nas Conferências Nacionais de Educação de 1927 e 1928, respectivamente em Curitiba e Belo Horizonte, apresenta suas ideias quanto ao ensino primário e à liberdade dos programas de ensino. Se não autor, é certamente um dos atores mais importantes do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932.
A vasta obra de Lourenço Filho, entretanto, não pode ser vinculada, de modo simplista, apenas à temática do manifesto escolanovista. Mais do que signatário do Manifesto, foi um educador sedento do novo, que bebia nas fontes do novíssimo, das últimas novidades pedagógicas do cenário internacional. Sua preocupação, de fato, voltava-se também para o fazer pedagógico.
A realidade educacional brasileira é terreno carente, mas fértil para contribuições. A preocupação com a educação movia Lourenço Filho. Suas experiências, as viagens pelo Brasil e ao exterior, sua ampla cultura lhe possibilitaram escrever em áreas como Geografia e História do Brasil, Psicologia (testes e medidas na educação, maturação humana), Estatística e Sociologia.
No campo da Educação, sua contribuição abrange temas como educação pré-primária, alfabetização infantil e de adultos, ensino secundário, ensino técnico rural, universidade, didática, metodologia de ensino, administração escolar, avaliação educacional, orientação educacional, formação de professores, educação física e literatura infanto-juvenil – textos espalhados por numerosos livros, revistas, jornais, cartilhas, conferências, apresentações e prefácios. Há publicação de alguns de seus escritos em inglês, francês e espanhol.
A formação profissional e os profundos vínculos dessa com sua produção e atuação, conferem a Lourenço Filho o perfil de intelectual educador. Apesar de ter exercido cargos na administração pública federal – como diretor de gabinete de Francisco Campos (1931), como diretor geral do Departamento Nacional de Educação (nomeado por Gustavo Capanema, em 1937) e como diretor do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (1938-46) –, foi, sobretudo um professor e um estudioso de assuntos didático-pedagógicos.
Viveu os últimos anos no Rio e, vítima de colapso cardíaco, faleceu em 3 de agosto de 1970, aos 73 anos. Em Cornélio Procópio existe o Grupo escolar professor Lourenço Filho em sua homenagem, desde a década de 1950.
Em 1972, foram fundadas as escolas estaduais Professor Lourenço Filho, no município de São João de Meriti, e em São Paulo. Em 7 fevereiro de 1938 foi fundado em Fortaleza o Colégio Lourenço Filho, por Antônio Figueiras Lima, em sua homenagem. (Dados de Lourenço Filho, Wikipédia).
Confira mais imagens da cerimônia acessando o link:
http://www.portoferreirahoje.com.br/foto/2014/08/24/semana-cultural-lourenco-filho/