Lembro-me de minha infância, final dos anos oitenta, tempos comandado pelo então presidente, José Sarney. Se me perguntar quem fazia parte da equipe econômica, quem seria o Ministro da Fazenda, estará perdendo tempo, pois em 89, tinha apenas 11 anos de idade. Mas a lembrança nítida que tenho dessa época obscura que o País vivia, é dos juros abusivos que existiam e a escassez de alimentos que havia nas prateleiras das vendas, mercearia e mercadinhos, como algo marcante e permanente, pois todos os dias havia remarcação de preços nos alimentos, devido à monstruosa inflação existente sob os parâmetros econômicos do Brasil.
Dificilmente o dinheiro circulava, porque as cadernetas de poupanças eram os melhores investimentos a serem realizados no atual momento. A época passou e logo em seguida, chegou à era Fernando Collor de Mello. Segundo ouvia os mais velhos e entendidos falarem, fora outro desastre econômico no País. O congelamento de preços nas cadernetas de poupanças levou muitas pessoas ao desespero.
Esse tempo para mim era tempo de jogar bola, soltar pipas, ir à escola, tomar o – café da manhã- almoçar, jantar, sonhar dormir e ser feliz. As angústias dos adultos não me apavoravam, pois tinha que enfrentar as próprias angústias de criança. E assim prossegui até chegar ao Plano Real, estabelecido pela equipe econômica do então presidente Fernando Henrique Cardoso, época de adolescência. Nesse tempo, quando recebi acerto em meu segundo emprego, um colega de trabalho me chamou para comprar dólar, pois segundo ele, chegaria um tempo em que o real seria desvalorizado e quem tivesse dólar, estaria bem no mercado financeiro.
Imagina! Que adolescente, iria pensar em desvalorização de moeda. Queria mesmo era ser feliz! Comprei uma Mobilete, por 500 reais, um dinheirão no atual momento. Não demorou muito, para perder a tal felicidade. Menor, sem habilitação e capacete, a polícia prendeu a mobilete e só então me arrependi em não comprar o dólar como foi sugerido.
Tempos bons eram aqueles! A angústia de adulto chegou, mas as lembranças do plano econômico no Brasil na era Sarney ainda vivem. Porém a realidade é outra. Jogar bola, soltar pipas, ir à escola, tomar o – café da manhã- almoçar, jantar, sonhar dormir e ser feliz, é realidade de uma época que nunca mais vai voltar para se viver.
Tenho que enfrentar a realidade econômica do País, com juros altos, inflação acelerada, preços se tornando absurdos e ainda, direitos conquistados pelos trabalhadores sendo flagelados por um governo marcado pela corrupção e imoralidade fiscal e tributária. Para suprir os gastos abusivos, a enxurrada de dinheiro desviado dos cofres públicos em função da corrupção, investimento medíocre em estádios de futebol, para realização da tão sonhada copa do mundo, desmoralizou toda uma nação.
E como vivo nas mesmas angústias dos adultos, sei quanto é difícil dirigir-se a um posto de gasolina para abastecer um veículo e ver os preços dos combustíveis subirem sem precedentes. Romper a supermercado para realizar compra e ver a remarcação de preço, por causa da alta no preço dos alimentos. Olhar a folha de um jornal e ver o indicador econômico relatar a alta na inflação do País. Isso tudo me faz pensar e perguntar: – A Era Sarney voltou? – Feliz é Maria Gabriela, minha filha de oito anos, que não sofre as angústias dos adultos, assim como acontecia comigo no governo Sarney. Não sei se ela chegará à fase adulta e conseguirá lembrar o que lembro quanto tinha onze anos e vi meu pai padecer diante de uma economia tão desastrosa quanto era aquela. Melhor não lembrar, para sofrer antecipadamente. Mesmo sem saber, que seja feliz. Que brinque, ande de bicicleta, estude, tome – café da manhã- almoce, jante, sonhe dorme e seja feliz. Porque a Era Dilma vai passar e melhor ficar apenas com os adultos os traumas de um governo marcado pela corrupção e imoralidade fiscal e tributária. Para suprir os gastos abusivos, a enxurrada de dinheiro desviado dos cofres públicos em função da corrupção, investimento medíocre em estádios de futebol, para realização da tão sonhada copa do mundo, desmoralizou toda uma nação.
O texto é de autoria de Alex Magalhães e não representa necessariamente a opinião do site.