Em outubro de 2015, por meio de uma postagem nas redes sociais do facebook e de uma publicação pelo Jornal do Porto, ferreirenses se uniram com a finalidade de recuperar a capelinha localizada na estrada do bairro rural da Fazendinha.
A iniciativa partiu da cidadã Queli Fidelis, e foi endossada por sua prima Ana Cláudia Reducino. Em pouco tempo, várias pessoas se envolveram e esse esforço voluntário, nos fins de semana, foi comemorado, enfim, em encontro realizado domingo passado (03/07).
ASPECTOS GERAIS
Durante meses, os munícipes que trafegavam pela estrada observaram a capelinha com uma de suas paredes laterais danificada, parecendo que um veículo ali havia chocado, e totalmente desprovida de telhado.
A parede interna denunciava a existência de um incêndio.
Sebastião Rodrigues, um desses observadores, considerou que uma das paredes laterais ruiu por motivo do aquecimento desse incêndio.
No interior, avolumavam-se dezenas de sacos de lixo, santos quebrados, tocos de velas, despachos de macumba, litros de bebidas alcoólicas.
No período da reforma, os tijolos foram analisados, a fim de que pudessem remeter a alguma olaria, porém, não continham inscrições. Vale ressaltar que os tijolos estavam unidos apenas por saibro.
Uma caçamba de lixo foi retirada do local.
Hoje, sua rusticidade deu origem a uma bela acomodação, com piso, tapete e conservação semanal de higiene.
HISTÓRIA
Antigamente, as pessoas costumavam sinalizar com cruzeiros os lugares onde ocorriam fatalidades. Esses cruzeiros, quando não desapareciam, davam origem às capelinhas quase sempre à beira das estradas. Todos que por ali passavam sabiam de que alguém havia falecido no local.
É desconhecida, ao certo, a data da construção da capelinha da estrada da Fazendinha, sendo uma das últimas (senão a única?) existentes em Porto Ferreira.
Existem versões orais de que esse monumento, há algumas décadas, ficava do outro lado da estrada, e que foi derrubado por motivo da ampliação da via.
Uma situação é certa: por algum tempo, Salvador Beleza, personagem folclórico de Porto Ferreira, nela passou as noites.
Em agosto de 2011, Mário Antonio de Souza, nascido em 1921 em um sítio no bairro rural da Areia Branca, hoje falecido, afirmou em entrevista concedida ao pesquisador Miguel Bragioni que o pai dele, Januário Antonio, quando jovem, morou na Fazendinha e vendia leite para um tal de Elia Patrício, temerário valentão do passado que residia naquela região. Declarou:
“[…] Inclusive eu passava a cavalo com meu pai pra lá e pra cá, tinha uma cruz, no meio do mato, lá pra cima do Rio Bonito, lá pra quem vai lá pra Fazendinha, e meu pai falava: – Aqui morreu um dos Reducino. Essa família Reducino, que é da Fazendinha. Não sei qual é o nome certo dele. Tem uma cruz, eu falava: – quem será que morreu aqui? Meu pai falava: – fulano Reducino, morreu com um tiro no ouvido, mas ele, disse, que tinha poder, que o homem atirou ele muitas vezes, mas não acertava. Quando acharam ele morto lá, foi com, o que matou ele, tava no ouvido, esses cravo de ferrá cavalo, foi com aquilo lá, […], que tava cravado no ouvido, morto na estrada lá. Foi um tal de Elia Patricio que atirou. […] Tava lá na cruz, “Aqui jaz, (esqueço o nome) Reducino”. Uma cruz na beira da estrada.” (sic)
Bragioni perguntou se se tratava daquela capelinha, e ele respondeu: “Não sei se depois fizeram capela, porque há muitos anos que eu não vou pra lá; era uma cruz de madeira; a gente sobe o rio Bonito e depois vira pra lá, na beira da estrada tinha essa cruz.”
O pesquisador procurou por informações nos obituários, mas até o momento não encontrou um vínculo com a afirmação.
AGRADECIMENTOS
A reforma da Capelinha aconteceu graças às doações e aos trabalhos das seguintes pessoas:
Adilson Lombardi Pereira, Adriano Cândido, Airton “Fazenda”, Ana Cláudia Reducino, Anônimo, Antonio Tavares, Assis, Carlão Siqueira, Dalivia Maneo, Cerâmica Saul, Dê Custódio, Elvira Ap. Bragioni, Eudilene Eudy, Fábio Conti, Fernando Custódio Guerra, Flávio Moreno, Ivan Reducino, João Paulo Custódio Guerra, José Luiz Tangerino, Luiz Henrique de Souza, Luiz Roberto Leitão, Madeireira Pica-Pau, Márcia Brunelli, Mariá Sartori, Mateus Barros, Neide Mendes Maneo, Nélia Teixeira, Nilceia Teixeira, Queli Fidelis, Ricardo Marques, Sebastião Rodrigues (Tião Cabeludo), Stylus Pisos e Revestimentos (Marilsa Santos), Varlei (Porto Latas)
Atualmente, a Sra. Marizete Cunha e o seu esposo, Macimiro Cunha, limpam a capelinha semanalmente. D. Marizete afirma ter recebido uma graça.