Criminosos altamente perigosos de Sapiranga, Rio Grande do Sul, tinham um hábito em comum antes de realizar seus crimes. Faziam orações, pedindo proteção. Como se Deus fosse o mentor dessa aberração, assim seguiram estrada à dentro do crime, até que eles começaram a lançar mão da “oração”, para matarem uns aos outros.
Tempos atrás, a indústria do cinema americano, lançou um filme intitulado por Tempos de Violência. Os personagens interpretados por Samuel O’ Jack e John Travolta recitavam versos da bíblia antes de realizarem os crimes a eles atribuídos, como se fosse justiceiros em nome de Deus. – Qual a diferença entre os criminosos de Sapiranga e os do filme de Quentin Tarantino? – A resposta óbvia seria que uns são criminosos da vida real e outros são da ficção cinematográfica.
No entanto, as mãos que apontam para os criminosos da vida real como réus de morte, são as mesmas que aplaudem os criminosos de Quentin Tarantino, – O senhor do sangue no cinema. – Por diversas e diversas vezes somos instrumentos de sucesso da violência na televisão, de programas sensacionalistas que exploram com muito amor a perversidade. De igual modo, fazemos cultos aos filmes de ação que a indústria do cinema lança e oramos pedindo a Deus proteção contra o ladrão, o assaltante e o assassino.
A ação desenvolvida nessa perspectiva, permite-nos trilhar livremente pelas estradas tumultuadas da hipocrisia. Afinal, se há um desejo canalizado na sociedade de fim à violência, não pode-se dar o luxo de contemplar o espetáculo vivo de pessoas sendo condenados à morte, ovacionando os crimes que Tom Cruise, Silvestre Stallone, Denzel Washington, Samuel O’ Jack e John Travolta cometem nos entretenimentos banais que são realizados as enxurradas pela indústria cinematográfica.
Sendo assim, a cultura profissional como construção de valores morais é podre e o odor tem adentrado mais e mais os valores e conservação da sociedade, que tanto recrimina e condena os corruptos, os assassinos, os estupradores e os ladrões. Nessa ótica, será que somos vítimas ou vilões? Construir um mundo coerente e justo, seria esvaziar as salas de cinemas para destruir tantos filmes violentos e sangrentos e da mesma maneira o ibope de programas moribundos que nada trás de valores morais.
O pensamento se estende aos programas violentos, que de tão sangrentos que são, costumam espirrar sangue nas telas das TV, conforme o dito popular. Caso contrário, de nada vale realizamos orações pedindo proteção contra o ladrão, o assaltante e o assassino, enquanto aplaudimos e ovacionamos crimes no cinema e na televisão. (Por Alex Magalhães)