Do lado esquerdo da primitiva Igreja de São Sebastião, na época com a frente voltada para a rua do mesmo nome, existia um terreno baldio onde os habitantes da crescente Porto Ferreira utilizavam-no com fins de caráter desportivo. Assim, os antigos moradores se distraíam com partidas de futebol, festas – geralmente quermesses -, as extintas cavalhadas e os circos, inclusive os de cavalinhos. Além disso, os proprietários de vacas, bois, cabras e cavalos costumavam deixar seus animais pastarem no local, a fim de amenizar o crescimento do capim e do mato.
Em volta do terreno estavam construídas diversas residências, comércios e dois estabelecimentos públicos: o prédio da Câmara e Prefeitura Municipal, numa extremidade, e na outra o Grupo Escolar de Porto Ferreira, este a partir de 1914. O espaço era conhecido pela denominação de Praça ou Largo da Matriz, pois, situava-se paralelo à Igreja de São Sebastião. No entanto, oficialmente, o primeiro nome foi Praça da República.
Com o decorrer dos anos, a administração municipal foi motivada a investir no local. Foi, então, que o generoso ferreirense João Procópio de Araújo Carvalho Sobrinho, conhecido como Sinhô, resolveu construir, inteiramente sob suas expensas, um jardim público com coreto, registrando o nome de seu pai, o coronel Cornélio Procópio de Araújo Carvalho, como patrono. Segundo consta, no dia 25 de março de 1913, o coronel João Procópio de Araújo Carvalho enviou ofício do Rio de Janeiro ao presidente e demais vereadores da Câmara Municipal, indicando o nome de seu irmão, Cornélio, para patronear o então Largo da Matriz, em face dos relevantes serviços prestados em prol do município.
O professor Flávio da Silva Oliveira, em suas pesquisas, descreveu que a Praça foi inaugurada a 24 de junho de 1917, com banda de música e autoridades presentes, dentre elas Sinhô Procópio, Cel. Francisco Ignacio de Sousa e Almeida, presidente da Câmara, Bento José de Carvalho, prefeito, João Mutinelli, Joaquim Miguel Pereira, Manoel de Moraes Dias, José Antunes de Lisboa, Canuto de Moura e Paschoal Salzano.
Este Jardim Público era cercado por três ou quatro fios de arame grosso esticados por mourões elevados sobre mureta de tijolos, que o circundava por completo. Havia quatro portões no meio de cada lado da quadra. Essa construção de um Jardim cercado e com portões era necessária para evitar a pastagem ou a invasão dos animais que ficavam soltos, andando pelas vias.
O horário de visita ou frequência na Praça era fixado, tendo abertura dos portões às 7h, e sendo fechados às 21h, ou às 22h em sábados, domingos e feriados.
Na primeira foto, da inauguração, vemos no primeiro plano o prefeito Bento José de Carvalho, o Grupo Escolar de Porto Ferreira (posteriormente, Sud Mennucci), o Theatro São Lourenço e Cine Condor, nos fundos, e o coreto recém instalado.
Na segunda imagem, de 1925, destaca o prefeito Francisco Ignacio de Sousa e Almeida (Chico Inácio). Aos fundos, o portão que dava acesso à Igreja de São Sebastião, que está à direita. Aparentemente, sobre as duas colunas do portão, duas esferas como adornos.
Por Miguel Bragioni – Pesquisador da história de Porto Ferreira