QUEBRADEIRA E DEMISSÕES
Lojistas e donos de restaurantes estão prevendo uma quebradeira geral de empresas e demissões em massa, caso o governo paulista não minimize as restrições.
Durante o pico da pandemia, no segundo trimestre de 2020, um cenário parecido com o atual, o comércio deixou de faturar R$ 91 bilhões no país, de acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio).
Em São Paulo, a perda foi de R$ 32 bilhões, no Rio de Janeiro, de R$ 7,6 bilhões, e no Rio Grande do Sul e na Bahia, de R$ 6,6 bilhões e R$ 6,3 bilhões, respectivamente.
Cerca de 135 mil lojas fecharam as portas no segundo trimestre de 2020, que deve ter encerrado com saldo negativo entre abertura e fechamento de empresas, de acordo com a CNC.
“É claro que há necessidade de controlar a pandemia, mas o comércio não pode pagar o preço pela desarticulação no enfrentamento da covid-19”, afirma Fábio Bentes, economista da CNC.
Os pequenos empresários, diz ele, dependem do faturamento do mês para pagar fornecedores, funcionários e levar algum dinheiro para casa.
“É um absurdo fechar o comércio no final de semana. As lojas ficaram fechadas no Natal e no Ano Novo e a contaminação cresceu no período”, afirma Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
O comércio brasileiro já enfrentou muitas crises, diz ele, com o fechamento de milhares de lojas, mas nunca provocadas pelo governo, como agora.
“As crises eram de mercado. Agora, as empresas estão quebrando por imposição da lei”, diz.
RESTAURANTES
Sexta-feira à noite, sábado e domingo são dias que representam mais de 70% do faturamento da semana de bares e restaurantes, de acordo com Percival Maricato, presidente da Abrasel-SP, associação que reúne as empresas do setor.
“Para o nosso setor, essa restrição de funcionamento é dramática. Estamos sendo sacrificados inutilmente. A proliferação do vírus não ocorre em restaurantes, mas, sim, em locais clandestinos que estão abrindo em garagens, fundos de lojas, na periferia”, diz ele.
De acordo com a Abrasel-SP, cerca de 70 mil restaurantes fecharam as portas no Estado de São Paulo desde o início da pandemia.
Atualmente, de acordo com ele, cerca de 300 estabelecimentos estão fechando as portas diariamente no Estado de São Paulo.
“Do jeito que a coisa está indo, em três meses, devem sobrar uns 20% do setor, formado hoje por aproximadamente 180 mil estabelecimentos”, diz o presidente da Abrasel- SP.
MANIFESTAÇÃO
Empresários e trabalhadores do comércio em geral e de restaurantes reuniram-se quarta-feira, 27/01, no vão livre do Masp, e protestaram contra a decisão do governo paulista.
De acordo com associações envolvidas, a manifestação não tem conotação política e não conta com apoio ou engajamento de partido político. É uma manifestação pacífica.
“É uma manifestação a favor da retomada segura e sobrevivência do setor”, como citado na convocação do Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de SP.