Famílias brasileiras gastam menos com saneamento básico do que com energia e telecomunicações

O novo estudo do Instituto Trata Brasil, "As Despesas da Família Brasileira com Água Tratada e Coleta de Esgoto", elaborado pela Ex Ante, traz balanço inédito sobre os gastos familiares com serviços de saneamento básico nas cidades brasileiras, comparativamente a outras infraestruturas (energia, telecomunicações, gás), bem como o que significam esses gastos frente à renda familiar. O estudo se reveste de grande importância para podermos entender o peso das despesas em relação à necessidade dos serviços de água tratada, coleta e tratamento de esgotos para a qualidade de vida dos brasileiros.

As análises feitas são baseadas em informações da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE, que coletou diversos indicadores socioeconômicos das famílias brasileiras – ver metodologia no estudo completo disponível em https://www.tratabrasil.org.br . A unidade de análise são as famílias brasileiras e seus membros, as quais são denominadas pelo IBGE de "unidades de consumo".

Para ilustrar o quanto é crítico o cenário nacional nesta infraestrutura, vale lembrar que o atendimento de água potável para a população do país ainda precisa evoluir para chegar à totalidade; estima-se que 35 milhões não tenham água tratada sequer para lavar as mãos em tempos de pandemia – população equivalente à de todo o Canadá. Em relação à coleta dos esgotos, mais de 100 milhões de brasileiros não têm acesso ao sistema, e menos da metade do esgoto gerado é tratado sendo descartado diretamente na natureza. Perdemos quase 40% da água potável por ineficiências nos sistemas de distribuição, especialmente por vazamentos, roubos e fraudes, erros ou falta de medição. Esses dados são do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, SNIS, ano base de 2019.

O estudo apontou que houve avanço nos serviços nos últimos 10 anos (período de 2008 a 2018), o que significa que mais famílias tiveram acesso aos serviços de água e coleta dos esgotos. O aumento foi de 2,2% ao ano de famílias com acesso às redes de água e de 3,7% ao ano de famílias ligadas às redes de coleta de esgoto. Atualizando-se monetariamente os valores, a despesa nacional média das famílias com as contas de água e esgotos não aumentou; ao contrário, houve ligeira queda de 1,0% no período, passando de R$ 68,86 em 2008 para R$ 68,20 em 2018, o que mostra que as famílias brasileiras continuaram pagando basicamente o mesmo valor, sem pressão inflacionária. Importante notar que neste mesmo ano, 2018, as despesas médias das famílias brasileiras com telecomunicação foram de R$ 117,31 e com energia elétrica de R$ 124,75, em média. No período de 2008 a 2018, enquanto as despesas médias com eletricidade e telecomunicação cresceram 4,3%e 7,6% respectivamente, as com água e esgoto caíram 1,0%.

Em resumo, o peso das despesas com saneamento na renda das famílias reduziu de 1,37% para 1,26%, ao mesmo tempo em que as famílias brasileiras gastaram mais com energia elétrica e telecomunicações. Em 2018, nas famílias mais pobres, o custo da energia representava 6% da renda mensal, as telecomunicações 5,6%, saneamento 3,7% e gás (encanado ou botijão) de 3%.

O estudo apontou a variação do valor da conta de água e esgoto dependendo do nível de atendimento prestado e outros aspectos considerados pelas empresas e agências reguladoras. Como exemplo, famílias do Distrito Federal têm um custo médio de R$ 103,93 com saneamento, enquanto as famílias do Acre têm um custo de R$ 36,56. Essa diferença se explica pelo atendimento dos serviços e poder aquisitivo das pessoas, conforme explica o autor do estudo, pesquisador e economista, Dr. Fernando Garcia de Freitas. "As diferenças no valor pago depende de vários fatores. Em Brasília, por exemplo, se concentra um maior número de trabalhadores com renda familiar bem acima de outras cidades, o serviço de água chega a 99% da população e o esgoto para 90%. Já no Acre, somente 48% da população tem serviço de água e 10% têm coleta de esgoto, então é natural que os custos médios mensais sejam menores com esses serviços, além do poder aquisitivo da população ser menor."

De acordo com Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil, outro fator relevante para o estudo é a preocupação quanto à capacidade da população de pagar as tarifas de todas as infraestruturas, em especial a de água e esgotos por sua representatividade na proteção da saúde. "O setor de saneamento ainda registra grande ineficiência e parte disso acaba nas tarifas. Faz todo sentido, portanto, reivindicar que os serviços cheguem a mais pessoas, que tenham acesso a um bom serviço, pois esta condição aumenta a base dos que pagam e pode colaborar para manter os valores em níveis adequados a todas as faixas de renda", argumenta o presidente executivo.

APROVAÇÃO DO NOVO MARCO LEGAL DO SANEAMENTO BÁSICO E AS DESPESAS DAS FAMÍLIAS

Em junho de 2020, o Congresso aprovou a Lei Federal nº 14.026, o novo Marco Legal do Saneamento, que traz novas perspectivas de investimentos para os serviços nos municípios brasileiros. Com a necessidade de todas as empresas (públicas ou privadas) comprovarem capacidade financeira de levar as cidades até as metas propostas na lei, ou seja, até 2033 chegar a 99% da população com água e 90% da população com coleta e tratamento dos esgotos. Essa obrigação amplia em muito as possibilidades de expansão da atuação das boas empresas, especialmente as do setor privado.

Para o novo cenário que se apresenta com a nova Lei, é relevante ver no estudo que, em 2018, dos R$ 61,3 bilhões arrecadados por todas as empresas de saneamento básico no país, R$ 40,4 bilhões (66%) foram provenientes das contas de água e esgoto pagas pelas famílias brasileiras; o restante veio das contas do comércio, indústria e serviços. Da base total das famílias brasileiras, 2/3 da população pagante de tarifas de água e esgotos foram da classe média baixa e classe baixa, o que mostra a importância de haver uma boa regulação a fim de proteger empresas e consumidores. Outro ponto levantado foi que as áreas urbanas representaram 86% das moradias atendidas pelos serviços, o que mostra a grande concentração nas cidades.

COMPARAÇÃO DOS CUSTOS DO BRASIL COM OUTROS PAÍSES

O estudo também comparou os custos das famílias com os serviços de água tratada, coleta e tratamento de esgotos no Brasil com o de outros países latino-americanos. Em 2018, a despesa média com esses serviços das unidades de consumo brasileiras ficou 12,6% abaixo da realizada pelas famílias chilenas e 35% abaixo das mexicanas. Na comparação com as famílias colombianas, o peso da conta de água e esgoto no Brasil (1,12%) foi inferior ao da Colômbia (1,30%).

SANEAMENTO NÃO SOFREU AUMENTO COMPARADO A OUTRAS UTILIDADES PÚBLICAS

Saneamento básico (serviços de água e esgoto) foi o único serviço de utilidade pública, dentre os que foram comparados (energia elétrica, telecomunicações e gás) que apresentou redução de despesa média. Independente da classe de rendimento familiar, estes outros serviços sofreram elevações, conforme apontam os gráficos nas imagens no topo da notícia

Além de ser um fator positivo, entre todas as despesas com serviços de utilidade pública, o saneamento foi o que apresentou a melhor evolução, com redução da despesa média real entre 2008 e 2018. Enquanto as despesas de telecomunicações e energia elétrica cresceram respectivamente 7,6% e 4,3% em termos reais, as despesas médias com água e esgoto caíram 1% nessa comparação temporal.

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