Dois suicídios foram registrados na manhã deste sábado, 30 de outubro no município de Pirassununga/SP, um as 08h00 no sudeste do município onde veio a óbito uma mulher de 68 anos de idade que fazia tratamento de depressão.
O segundo registro ocorreu as 10h05 na região central da cidade, onde uma jovem de 24 anos teria ingerido comprimidos e líquidos. Neste, a jovem deixou cartas, inclusive com orientações de como se proceder o suicídio.
O delegado de plantão de polícia Dr. João Pinheiro Neto acionou a Polícia Técnica. Os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal da cidade Limeira/SP. Não há informações sobre o dia e hora do velório e sepultamento.
Especialistas destacam importância de tratar transtornos mentais para prevenir suicídios
Entre adolescentes, suicídio é segunda causa de morte entre meninas e terceira causa entre meninos. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que ocorrem 800 mil suicídios por ano no mundo, o que significa um suicídio a cada 40 segundos.
Mais de 100 mil são suicídios de pessoas com menos de 19 anos de idade. Os dados foram apresentados pelo psiquiatra e professor de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Christian Kieling, em audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (30).
Segundo ele, entre adolescentes, o suicídio é a segunda ou terceira causa de morte em todo o mundo. “Para meninas, é a segunda causa de morte, só atrás de acidentes de trânsito. Para meninos, mesmo em termos absolutos o número sendo maior do que o das meninas, é a terceira causa de morte, porque infelizmente, em locais como no nosso País, temos mortalidade grande por violência interpessoal, violência urbana”, apontou.
Conforme o médico, o suicídio não tem uma causa única, pois envolve diversos fatores de risco e não existe um remédio para preveni-lo, mas existem fármacos para tratar transtornos mentais. A prevenção também deve envolver psicoterapia e a atuação das escolas. “A gente sabe que os transtornos mentais estão extremamente associados ao suicídio, e a gente tem intervenções para os transtornos mentais; é importante a gente falar sobre a depressão”, ressaltou.
Redes sociais
Elias Lacerda, da Escola da Felicidade, que funciona no Distrito Federal, salientou que o uso excessivo de redes sociais constitui fator de risco, especialmente em tempos de pandemia. “O maior fator de risco para os jovens é o bullying e o cyberbullying. E surgiu uma nova modalidade, agora mais intensa na pandemia, que é o chamado auto-cyberbullying”, apontou. Nessa modalidade, segundo ele, o adolescente cria um perfil nas redes sociais para a auto-depreciação.
Meditação, exercício físico, sono adequado, terapias por meio de artes, resgate da espiritualidade estão entre algumas estratégias citadas por ele para melhorar a saúde mental.
Números no Brasil
Andrea Chaves, da equipe de emergência psiquiátrica do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) do Distrito Federal, afirmou que há uma pandemia em curso envolvendo a saúde mental: “No ano passado mais de 12 mil pessoas morreram [por suicídio] no Brasil, lembrando que esses dados podem ser subnotificados”, observou.
Ela chamou a atenção para a falta de psicólogos e psiquiatras na rede pública de saúde e disse que campanhas de educação devem alertar sobre a necessidade de cuidado da saúde mental. E afirmou que há quatro eixos de cuidado: biológico, psicológico, social e espiritual. “Existem pessoas que cometem suicídio porque não têm comida em casa, então a gente não pode ignorar as questões sociais também”, salientou. Segundo ela, saúde mental não é a ausência de conflitos, mas “a habilidade de dar ordem às situações caóticas por meio da escolha de comportamentos assertivos”.
Envolvimento da família
Secretária Nacional da Família Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Ângela Vidal Gandra acredita que a família precisa ser envolvida para a política pública ser eficaz. Ela citou o projeto do ministério “Acolha a vida porque a vida valha a pena”, que disponibiliza vídeos e cartilhas informativas sobre automutilação e suicídio.
“Esse projeto tem três vertentes: conscientização das família; formação de educadores, agentes públicos, sensibilizando-os, não só com informações técnicas, mas para a dimensão afetiva e emocional do ser humano; e a terceira vertente é o sentido da vida, para fomentar em cada ser humano o desejo de viver”, disse.
Dados constantes na cartilha do governo afirmam que, no Brasil, comparando os anos de 2011 e 2017 houve um aumento de 10% na taxa de morte por suicídio na população de 15 a 29 anos. Além disso, os dados demonstram o aumento de casos de automutilação nos últimos anos. No período de 2011-2018, 45,4% das notificações de violência autoprovocadas ocorreram na faixa etária de 15 a 29 anos, sendo 67% nas mulheres e 32% nos homens.
Veja mais acessando esse link
Fontes: reporter naressi e Agência Câmara