Em algumas áreas do cinturão citrícola cenário já é semelhante ao que devastou produção da Flórida em 2012; impactos já são sentidos na safra deste ano, mas preocupação é maior ainda para 2022
As regiões de Limeira – berço da laranja em São Paulo –, Brotas e Porto Ferreira, localizadas no centro-sul do estado, apresentam incidências muito altas de greening, a mais preocupante doença da citricultura mundial atualmente, de acordo com levantamento anual realizado pelo Fundecitrus – Fundo de Defesa da Citricultura.
Enquanto a média no parque citrícola é 22,37%, em Limeira a doença já afeta 61,75% das plantas; em Brotas, 50,40%; e em Porto Ferreira, 37,84%. Nas regiões de Avaré e Duartina, ao sudoeste do estado, as incidências são consideradas altas, 29,41% e 26,15%, respectivamente. Essas cinco regiões reúnem 51% das laranjeiras do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro, a principal área produtora de laranja e suco de laranja do mundo.
Perda de plantas, queda e piora na qualidade dos frutos e contaminação de pomares jovens
A forte presença da doença se reflete em danos à produção e prejuízo aos citricultores: das cerca de 8,5 milhões de plantas eliminadas em 2020 por causa do greening em todo o parque, 92% estavam nessas cinco regiões. Outros impactos negativos são a redução da produção devido à queda prematura de frutos e a piora da sua qualidade.
“Em locais que possuem baixos índices de greening, a participação da doença na taxa queda de frutas é inferior a 2%”, pontua o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi. “No entanto, nessas regiões, a doença já tem uma participação muito significativa, tendo sido responsável por 46,7% da queda de frutos em Limeira, 39% em Brotas, 30,4% em Porto Ferreira, 24,3% em Duartina e 7,8% em Avaré”, detalha.
O mais preocupante é que altas incidências de greening também dificultam o controle em pomares jovens, que representam a continuidade da cultura – parte significativa das laranjeiras com até cinco anos plantadas nessas regiões já estão doentes: 32% em Limeira, 27,9% em Brotas, 18,7% em Porto Ferreira, 11,6% em Avaré e 6,1% em Duartina, enquanto nas demais regiões do cinturão a porcentagem não ultrapassa os 10%.
O pesquisador explica que as plantas jovens são mais suscetíveis a novas infecções por brotarem frequentemente e que quando há muitas plantas adultas doentes e controle insuficiente do psilídeo [inseto vetor do greening] fica mais difícil evitar que a doença avance para os plantios novos.
“A situação fica ainda mais grave, no entanto, pela grande quantidade de plantas jovens presente nessas cinco regiões: elas concentram 50,8% dos pomares com até cinco anos”, aponta Bassanezi. “Nas regiões ou em locais com alta incidência, o sucesso da renovação dos pomares e seu futuro estão em risco se não forem adotadas todas as medidas de manejo”, afirma.
Veja mais sobre o asssunto acessando esse link.