“Foi um período muito assustador. Porque na primeira onda, a instituição sofreu muito com o medo, mas agora foi completamente diferente. A doença se alastrou pela instituição e tivemos que criar um isolamento de urgência, para contenção da contaminação. Embora toda a cautela seja pouca, devemos comemorar, porque passamos pela onda do Covid-19 sem sofrer baixa e isto traz satisfação e felicidade”.
Assim o administrador do Solar, Lucas Marcelino, narra a saga da instituição na luta contra o Covid-19 no solar, que atingiram 23 idosos. A mesma sensação que Lucas Marcelino descreve do sentimento de todos no Solar, diante da realidade assustadora do Covid-19, descreveu a enfermeira Maria Eduarda. A enfermeira relata que os primeiros sintomas de gripe, coriza, deixaram a equipe de enfermagem em alerta e a medida que os moradores foram positivando, o medo de levar algum idoso ao óbito foi inevitável. “Neste momento, o apoio de outros profissionais foi fundamental. Portanto, temos muito que agradecer ao Dr. Weber, mesmo sendo um voluntário na instituição, foi um médico presente, cuja importância e humanização não têm descrições. Agradecer a Patrícia e Edel da vigilância sanitária. Elas foram muito solicitas e a Edel foi a espécie de uma “mãezona ao Solar, orientando, auxiliando e empenhando a equipe. Seu trabalho foi formidável, assim como o trabalho da Daniele da Vigilância Epidemiológica. Por fim e sem menos importância, agradecer a equipe técnica de enfermagem, cuidadoras e todos os profissionais do Solar, que estiveram empenhados neste período de enfrentamento ao Covid-19, descreve Maria Eduarda”.
A enfermeira disse está encantada com o estado comportamental dos idosos, durante o período difícil. Este mesmo entendimento tem a cozinheira Divina. Diante da grande experiência, de cuidados redobrados e atenção para todos, Divina garante que os moradores entenderam que a equipe estava preparando um cardápio mais forte e com nutrientes específicos, para garantir a saúde e bem-estar de todos. O mais difícil segundo ela, foi viver sob a tensão de não contaminar, porque era necessário seguir pensando nos moradores 24 horas. “Passou o período difícil, mas fica a lição para todos, afirma Divina. E o Solar tem mesmo este olhar para todas as áreas, profissionais, moradores e voluntários. No Solar, cada ser humano é importante para construir uma instituição de excelência. O desejo que o Lucas, a Maria Eduarda e a Divina têm, é o mesmo da Geni, 58 anos, trabalha há 4 anos como auxiliar de limpeza. “Todo cuidado foi pouco para seguir os protocolos e orientações. Graças a Deus esta onda passou e vôs estão bem”.
Por fim, a gerontóloga Gabriele pontuou sobre o trabalho realizado no Solar e disse que o isolamento social pode gerar ou agravar quadros de depressão e ansiedade. No âmbito da gerontologia, existe um cuidado em proporcionar um bem-estar individual para os idosos em todos os momentos. Diante do isolamento em decorrência ao Covid-19, foi realizado um trabalho de identificação pessoal dos moradores, buscando identificar o gosto e as vontades dos mesmos, proporcionando atividades individuais, como pinturas, exercícios de contorno, palavras cruzadas, revistas, rádio e TV, buscando uma distração para este momento. O trabalho continua também após a saída do isolamento, onde a equipe trabalha em conjunto com o objetivo de amenizar as possíveis sequelas comumente deixadas pela doença, de âmbito emocional e físico.
Por Solar dos Jovens de Ontem – solarjovensdeontem@yahoo.com.br
