Os índios Tupi-Guarani de “pira çunun’ga” (hoje Cachoeira de Emas), tinham cabelo grosso, preto e um pouco comprido, frequentemente amarrado acima da cabeça, formando um tufo.
Os chefes usavam um cocar de três penas coloridas. Andavam todos com o corpo avermelhado (olho de peixe ou de capivara e sementes de urucum em pó).
A pintura demonstrava alegria, protegia o corpo contra o sol e contra a picada de insetos.
Além do peixe, da caça, dos frutos silvestres e da mandioca, nossos índios comiam laroas torradas de besouros e moluscos.
A caça era feita com a ajuda do arco e das flechas com pontas de osso, espinhos de peixe ou de pedra. Era hábil nadador e tinha canoas construídas a fogo e a pedra.
No Carnaval de 1975, o Bloco Carnavalesco Tira-Teima apresentou o enredo "Lendas Indígenas de Pirassununga, com o samba-enredo de Ismar Leite de Souza e Clemar Jordão Gomes, com destaque para a India Obirici.
"Nação Tupi-Guarani – Lendas Indígenas de 'Pira çunun’ga', lugar onde o peixe ronca, faz barulho… rumoreja" foi o tema da decoração do Carnaval de Rua de 2006, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, na região central da cidade.
LENDA DA ORIGEM DO RIO MOGI
Em Tupi-guarani, "M'Boiji" ou moji (a grafia correta deveria ser com "j"), significa "rio". Exemplo de uso da palavra Mogi: Mogi Guaçu significa "rio grande". Já outras correntes atribuem à expressão “Mboya guassu y” (Rio Mogi Guassu), os significados de “rio da cobra grande” e "rio que serpenteia".
Há muito tempo, um chefe guerreiro se enamorara de duas formosas índias. O regime monogâmico tribal o impedia de se casar com as duas. Ele não sabia como decidir… Até que numa noite teve um sonho: deveria propor um torneio de flechas entre as duas amadas.
Aquela que melhor acertasse no alvo seria a esposa do guerreiro.
Na manhã seguinte, contou o sonho às amadas e o torneio foi aceito por ambas. Toda a aldeia se reuniu para assistir a disputa e perdeu a índia Obirici, entre as duas, aquela que mais amava o índio-guerreiro.
Assim, perdendo o seu amor, Obirici se refugiou numa mata e pediu ao deus supremo, Monã, que lhe desse a maior dor e esta veio em forma de lágrimas – pela primeira vez entre os índios. E Obirici chorou dias e noites seguidos; as lagrimas banharam o seu corpo, correram pelos seus pés e formaram um pequeno regato, que deu origem ao Rio Mogi Guassú.
Mas Obirici continuou chorando e, naquele êxtase de dor Monã veio buscá-la. Porém, ela quis ficar nesta terra, perto dos seus, e o seu corpo, inteirinho, se transformou numa montanha – a “maan tiquira” (coisa que verte) – a Serra da Mantiqueira de hoje, que continua a chorar, formando as vertentes que correm para Minas Gerais e São Paulo.
Parte do texto acima foi transcrito do livro “Contribuição à História Natural e Geral de Pirassununga”, Prof. Manuel Pereira de Godoy.