Publicou este noticioso na segunda-feira, 20, matéria sobre requerimento do vereador Pedro Melo (PL), em que solicita à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) informações sobre emissão de poluentes pela Cerâmica Porto Ferreira (CPF), indústria que opera no município desde 1931. Embora o assunto em pauta seja delicado, como aponta o parlamentar, ao abordá-lo parece necessário levar em conta alguns aspectos do problema.
Entre 2016 e 2017, a CPF, mesmo enfrentando dificuldades no mercado e ainda arcando com compromissos pela importação de moderno maquinário italiano para a produção de pisos cerâmicos, investiu mais de 600 mil reais em projeto e instalação de filtro para retenção da poeira gerada nos pulverizadores. Como conta um aposentado da empresa e que trabalhou décadas na linha de produção, após a instalação do filtro, laudo da CETESB assinalou que a emissão de poeira estava dentro de índices aceitáveis. Teria o equipamento sido desativado?
Outro detalhe a ser considerado: desde 2003, a CPF alimenta seus fornos com gás natural, não poluente, um avanço extraordinário em relação ao tempo em que utilizava óleo pesado, como também fazia sua vizinha da época, a Nestlé, para alimentação de suas caldeiras. Não queremos isentar a indústria, mas o problema parece estar na falta de informação. A comunidade, principalmente os moradores mais próximos daquela fábrica, receiam que a poluição emitida pelas atividades da CPF (e toda indústria cerâmica é poluidora em maior ou menor grau) contenha sílica, prejudicial à saúde pela possibilidade de levar à silicose, nome dado a uma fibrose pulmonar. Existe esse risco?
A reunião prevista entre vereadores e diretores da CPF pode esclarecer tudo isso. O que se sabe, dito por hoje octogenário ex-funcionário da CPF, que a sílica é componente do quartzo, não mais utilizado na CPF desde que a cerâmica deixou de fabricar louça de mesa. “Fosse verdadeiro o risco de silicose, a CPF teria alto índice de invalidez provocada por doenças respiratórias”, relatou para o Porto Ferreira Hoje o ex-funcionário da tradicional e nacionalmente conhecida indústria cerâmica.A reunião prevista deve aclarar também esse aspecto.
Será interessante, no entanto, que os vereadores que pretendem visitar as instalações da CPF questionem também a CETESB. Porto Ferreira está necessitada de ação fiscalizadora mais intensiva por parte dos senhores vereadores sobre os problemas da cidade. Como ação contributiva à missão que se propõem junto à direção da Cerâmica Porto Ferreira, temos duas sugestões.
Primeira, que os senhores vereadores tratem com a empresa sobre a adoção de mecanismo obrigatório para que os caminhões não deixem as dependências da CPF sem lavarem os pneus e retirarem o barro que geralmente carregam entre as rodas, largando esse material na rua Francisco Prado, principalmente. Essa massa argilosa desidrata e branqueia o asfalto, transformando o trecho da rua, de grande fluência de tráfego, em gerador de poeira. Poeira incômoda e poluente, gerada nas 24 horas do dia pelos veículos que por ali trafegam e que pode até ser maior que a produzida pela atividade industrial.
*Por " Porto Ferreira – Estado Direito e Transparência Pública"







