Até agora, dois casos de disseminação de fake news já provocaram indignação e a reação oficial da Advocacia Geral da União (AGU)
Na segunda-feira(11), na Câmara dos Deputados, Zeca Dirceu (PT-PR), protocolou uma queixa crime contra o deputado federal Gustavo Gayer (PL/GO) que postou um vídeo afirmando que as doações não estariam sendo destinadas às vítimas.
Na semana passada, a AGU acusou o comentarista Alexandre Garcia de mentir em programa da Revista Oeste com o objetivo de responsabilizar governos anteriores petistas.
Gayer, que já foi alvo de pedidos de cassação por ter chamado africanos de “burros”, divulgou um vídeo de uma mulher afirmando que as doações para os desabrigados não estariam sendo entregues no aguardo do retorno de Lula da Índia para “tirar fotos”.
Tumulto em momento de dor
Comprovadamente falso, o post foi apagado das redes sociais de Gayer depois da interpelação. Mas isso não foi o suficiente para Dirceu, que pede a inclusão de Gayer no Inquérito das Fake News que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
O líder do PT ainda quer que a AGU entre com ações administrativas contra o deputado bolsonarista e a mulher que aparece no vídeo espalhando a mentira, identificada como Samara. O parlamentar federa entende que Gayer teve o objetivo de tumultuar a distribuição de donativos num momento de dor e incitar a população contra o governo federal. A conduta foi classificada como “grave e criminosa” e incompatível com a responsabilidade de um parlamentar.
Âncora de fake news
Garcia acusou governos do PT de “abrir comportas” de represas e inundar o Sul. Esqueceu que no RS não existe esse tipo de barragem. E se existisse, não seria operado pelo Exevutivo, mas pelo Operador do Sistema
Na sexta-feira passada, 8, Alexandre Garcia sugeriu que três represas construídas pelos governos do PT não seguiram o que recomendavam as medições ambientais e teriam sido “abertas” provocando as enchentes.
“Aparentemente abriram as comportas ao mesmo tempo? Afinal, abriram ou não abriram?”, questionou o ex-âncora da TV Globo e da CNN, após sentenciar: “é preciso investigar que não foi só a chuva” a responsável pela enchente que causou as mortes no Rio Grande do Sul, além das pessoas desaparecidas.
Com seus projetos iniciados em 2001 no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), as barragens não têm comportas. Elas são chamadas de vertedouros de soleira livre que não controlam o fluxo dos rios com comportas. Apenas escoam o excedente de água que passa por cima de suas estruturas. Garcia foi desmentido pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) do Rio Grande do Sul.
Mentira sem pé nem cabeça
No comentário, o bolsonarista ainda não se deu conta de que os reservatórios integram o Sistema Interligado Nacional (SIN) e que toda e qualquer ordem ou identificação de problemas técnicos é de competência do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), associação privada cujo atual diretor-geral foi indicado para um mandato de quatro anos em 2021 por Bolsonaro.
No domingo, 10, o advogado-geral da União, Jorge Messias, disse que determinou que a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia promova “imediata instauração de procedimento contra a campanha de desinformação” promovida por Garcia.
*Fonte: www.extraclasse.org.br