Diante das altas temperaturas que persistem quase o ano todo, cidades do Nordeste estão adotando medidas para mitigar o calor extremo e seus impactos no ambiente urbano. Um desses exemplos é a cidade de Fortaleza, no Ceará, que vem substituindo o asfalto pelo concreto na pavimentação de ruas, avenidas e estradas da região, com o intuito de diminuir as ilhas de calor.
Especialistas ouvidos pela DW Brasil apontam a iniciativa como positiva, já que o concreto pode durar por mais tempo.
"Do ponto de vista prático, o pavimento asfáltico normalmente, tem um custo inicial mais baixo, mas ele se desgasta mais facilmente ao longo do tempo, tem uma durabilidade menor em comparação com o concreto, que tem um custo inicial geralmente mais alto, mas requer menos manutenção ao longo do tempo", explica Iuri Bessa, professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Concreto reflete melhor a radiação solar
Na questão ambiental, o asfalto está mais sujeito a absorção da radiação solar, contribuindo para as altas temperaturas em espaços urbanos. Já o concreto apresenta melhores condições de refletividade, que contribuem para uma menor absorção de calor, além de melhorar a iluminação das vias no período noturno.
Custo inicial mais alto
O concreto é um material rígido, formado pela combinação de cimento, água e agregados. "O pavimento rígido tende a ter três vezes mais vida útil que o asfalto. Por isso começamos a dar ênfase nesse material e nos blocos intertravados. Atualmente, é o que estamos priorizando no Ceará", diz Ilo Santiago, superintendente adjunto de Rodovias da Superintendência de Obras Públicas do Estado do Ceará (SOP).
Contudo, seu custo inicial é mais alto, o que demanda planejamento estratégico para implementação, segundo os especialistas ouvidos pela reportagem.
De acordo com Bessa, o tipo de pavimento suporta melhor as cargas dos coletivos e dura mais tempo. Por isso, de acordo com o professor, a modalidade vem sendo usada em corredores de ônibus pela prefeitura de Fortaleza. Além da capital do Ceará, cidades como Recife já usam esse tipo de pavimentação, ressalta o especialista.
Os pisos intertravados, também chamados de pavimentos de blocos de concreto, são uma alternativa eficiente para pavimentação e também vêm sendo usados em diversas cidades do Ceará. "O pavimento intertravado está começando a crescer mais aqui no Brasil, principalmente em Fortaleza”, sublinha Silva.
Praticidade e benefícios ambientais
Na prática, eles são "subtipos" do concreto e são utilizados em obras de urbanização como calçadas, estacionamentos, vias urbanas e áreas de lazer. Eles consistem em peças pré-moldadas que se encaixam sem o uso de argamassa ou cola, com estabilidade garantida pelo preenchimento das juntas com areia. Essa característica facilita reparos, pois os blocos podem ser removidos e recolocados sem danos permanentes.
Além da praticidade, os pisos intertravados oferecem benefícios ambientais importantes. Diferentemente do concreto convencional ou do asfalto, eles são permeáveis, permitindo que a água da chuva infiltre no solo. Essa capacidade ajuda a prevenir alagamentos e melhora o equilíbrio hídrico em áreas urbanas.
Sustentabilidade x conforto térmico
A escolha entre asfalto e concreto para pavimentação envolve diversos fatores, incluindo sustentabilidade e conforto térmico. De acordo com Lucas Babadopulos, doutor em engenharia civil pela Universidade de Lyon (França), a sustentabilidade deve ser analisada sob diferentes aspectos, sendo os principais: ambiental, econômico e social.
Quanto ao conforto térmico, o concreto é uma opção mais vantajosa do que o asfalto. Esse material, com sua coloração mais clara, reflete mais radiação solar, o que contribui para a redução do calor no ambiente urbano.
Babadopulos explica que, em dias ensolarados, o pavimento de concreto não aquece tanto quanto o asfalto. Com a substituição, é possível reduzir a sensação térmica em até 10°C.
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*Fonte: www.dw.com