A gigante norte-americana Cargill virou o jogo na reta final e vai adquirir os 50% da SJC Bioenergia que faltavam para que se tornasse a única dona do negócio, que tem como ativos duas usinas com capacidade para processar 9 milhões de toneladas de cana e um adicional de 2 milhões de toneladas equivalentes de milho.
A aquisição foi oficializada pela companhia com um comunicado distribuído nas primeiras horas desta quinta-feira. Assim, a companhia, que já possui os outros 50% da operação, passará a ter o controle total da SJC Bioenergia, que ainda será submetido à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
“Ao celebrar 60 anos de operações no Brasil, a Cargill continua acreditando e investindo no País e na agricultura brasileira”, afirmou Paulo Sousa, presidente da Cargill no Brasil, no comunicado.
“Nos últimos anos investimos mais de R$ 6.8 bilhões em nossas operações e, se concretizada após a devida aprovação dos órgãos reguladores, ter a SJC como uma empresa 100% controlada pela Cargill é um reforço importante em nossa estratégia de crescimento em energias renováveis”, afirma.
Altos e baixos
A SJC surgiu como um fruto do desejo da família de José Ometto, controladora da Usina São João de Araras (USJ), de expandir os negócios para a região Centro-Oeste do país, nos anos 2000. Em setembro de 2011, a SJC passa a ter a multinacional norte-americana como sócia.
O negócio marcou também a entrada do grupo no mercado internacional, utilizando toda a expertise da Cargill nesse segmento. Juntas na joint venture, as duas empresas investiram nas unidades agroindustriais localizadas em Goiás, nos municípios de Cachoeira Dourada (Usina Rio Dourado) e Quirinópolis (Usina São Francisco), colocando-as entre as mais modernas do Brasil na ocasião.
A Cachoeira Dourada, então em construção, foi finalizada, resultando na expansão da capacidade produtiva que passou de 5 milhões de toneladas para 7,5 milhões de toneladas na safra 13/14. À época, o investimento total na unidade foi de R$ 500 milhões e a usina foi considerada a mais moderna do país.
Em 2015, o grupo iniciou a construção de uma unidade de processamento de grãos na Usina São Francisco, marcando a entrada da SJC Bioenergia na produção de etanol de milho. No ano seguinte, como consequência dos investimentos no esmagamento de milho, o grupo anunciou a criação de uma linha de produtos voltados para a nutrição animal.
Hoje, a produção engloba cana de açúcar e milho, produzindo açúcar bruto, etanol hidratado e anidro, óleo de milho e grãos secos de destilaria (DDGs) com alto teor de proteína
No entanto, 2016 também foi um ano de más notícias para a USJ que enfrentou dificuldades financeiras, passando inclusive por um processo de recuperação judicial, em 2021. O cenário econômico, com crise nos preços do etanol, foi fator decisivo para comprometer o bom andamento das operações do grupo.
No plano de recuperação apresentado aos credores, a USJ concordou em abrir mão de sua participação (estimada na época em R$ 1,5 bilhão) em favor dos bondholders, além de se desfazer de três fazendas e de três precatórios provenientes de ações ganhas contra o Instituto do Açúcar e do Álcool.
Desde então, os donos dos bonds buscaram atuar em conjunto para encontrar um comprador para sua participação. Chegaram a negociar, em 2022, uma solução conjunta com a Cargill, mas diante da falta de um acordo, decidiram seguir sozinhos e entregaram um mandato ao Morgan Stanley. Agora, o acordo saiu, abrindo um novo capítulo na história da SJC.
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*Fonte: agfeed.com.br