O ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (2), em meio à crise envolvendo descontos irregulares em benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Em publicação nas redes sociais, Lupi afirmou que deixava o governo "com a certeza de que [seu] nome não foi citado em nenhum momento nas investigações", mas a pressão política e a percepção de inação diante do escândalo precipitaram sua saída.
O Palácio do Planalto anunciou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu o ex-deputado e atual secretário-executivo da Previdência, Wolney Queiroz (PDT-PE), para assumir a pasta. A nomeação será publicada em edição extra do Diário Oficial da União.
Crise no INSS e pressão por mudanças
A demissão ocorre após uma operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) que expôs um esquema de cobranças indevidas em aposentadorias e pensões, com prejuízos bilionários aos cofres públicos. Investigação aponta que as irregularidades ganharam força a partir de 2019, no governo Bolsonaro, mas se intensificaram nos últimos 4 anos
Embora não haja indícios diretos de envolvimento de Lupi, críticos dentro do governo alegam que o ministro falhou em agir rapidamente, mesmo após alertas da CGU. Seis ofícios enviados entre maio e julho de 2024 pedindo providências teriam ficado sem resposta, segundo a controladoria. O INSS nega ter ignorado os avisos.
A gota d’água foi a nomeação, sem consulta a Lupi, do procurador Gilberto Waller Júnior para presidir o INSS, no lugar de Alessandro Stefanutto, exonerado após a operação. Conhecido por seu perfil técnico e rigoroso, Waller recebeu carta branca para promover mudanças estruturais no órgão.
Lupi se diz colaborador e defende punições
Ao anunciar a saída, o ex-ministro afirmou ter apoiado as investigações e esperar "punição rigorosa" aos responsáveis. "Todas as apurações foram apoiadas por mim e pelos órgãos de controle", disse, prometendo continuar colaborando com o governo.
A crise escancarou falhas na fiscalização da Previdência e reacendeu o debate sobre a necessidade de reformas no sistema. Agora, a expectativa é que a nova gestão adote medidas mais duras para conter irregularidades e recuperar os recursos desviados.