Planilhas e quebras de sigilo obtidas em investigações sobre um esquema bilionário de fraudes contra aposentados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) lançam luz sobre a intrincada relação entre entidades de classe e empresas de crédito consignado.
Os dados revelam que associações suspeitas de fraudar filiações de aposentados para cobrança de mensalidades pagaram pelo menos R$ 110 milhões a empresários e empresas que operam crédito consignado. Essa movimentação financeira ocorreu, em grande parte, durante o ano de 2022, período em que o ex-ministro do Trabalho e Previdência Social, José Carlos de Oliveira (PSD), estava à frente da pasta.
As investigações apontam que as associações firmavam contratos com as empresas de crédito consignado para a captação de novos filiados. Na prática, essas entidades recebiam um percentual dos descontos efetuados nos benefícios dos aposentados que eram filiados no momento da venda dos empréstimos consignados – valores também descontados diretamente da folha de pagamento dos segurados.
Um dos principais focos da investigação é a Amar Brasil Clube de Benefícios, presidida pelo aposentado Américo Monte. A entidade faturou R$ 324 milhões desde que firmou seu acordo com o INSS em 2022, tendo como diretor Edson Yamada, durante a gestão do então ministro José Carlos de Oliveira do PSD
O elo com o setor de crédito consignado se estreita ainda mais com a figura de Américo Monte Jr., filho do presidente da Amar Brasil e proprietário de empresas de crédito consignado. Monte Jr. já foi alvo de investigações anteriores, após denúncia de um funcionário sobre um suposto esquema de falsificação de assinaturas de aposentados para a obtenção de empréstimos fraudulentos dentro de suas empresas.
Outras entidades também estão sob a mira das investigações por suas ligações com o setor de crédito consignado: a Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec), a União dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (Unsbras ou Unabrasil) e o Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap). Juntas, essas associações faturaram R$ 580 milhões com os descontos desde que firmaram acordos com o INSS, abrangendo as gestões dos presidentes Lula e Bolsonaro.
Todas essas entidades estão ligadas ao empresário Maurício Camisotti, do ramo de seguros e planos de saúde, e possuem em seus quadros parentes e funcionários de suas empresas, incluindo até mesmo uma faxineira.
O esquema bilionário levanta sérias questões sobre a fiscalização e a gestão dos acordos firmados com o INSS, especialmente durante o período de 2022, sob a responsabilidade do ex-ministro José Carlos de Oliveira. As investigações seguem para apurar a extensão dos danos causados aos aposentados e a responsabilidade dos envolvidos.
*Fonte: www1.folha.uol.com.br – www.metropoles.com/ – Texto produzido com auxílio de IA