São Paulo, 14 de maio de 2025 – A dispersão dos usuários de drogas da rua dos Protestantes, epicentro da Cracolândia até o último final de semana, resultou no surgimento de pequenos fluxos em diferentes pontos do centro expandido da capital paulista. A principal concentração agora está na Praça Marechal Deodoro, vizinha à estação Santa Cecília do Metrô, onde nesta quarta-feira (14) havia pelo menos 50 pessoas consumindo crack, álcool e cigarros, em meio a caixas de som e agitação.
Além da praça – tradicionalmente ocupada por moradores de rua que perambulam pelo Minhocão –, grupos menores se instalaram nas proximidades do Terminal Princesa Isabel e na rua General Osório. Comerciantes e trabalhadores da região já notam o impacto. Um frentista de posto de gasolina, que preferiu não se identificar, relatou ao Estadão: "A praça está ficando mais cheia sim. A gente percebe isso". A ONG Oficina Pão do Povo, que distribui alimentos na área, registrou aumento de 25% na demanda: 200 pães foram entregues nesta quarta, contra a média diária de 160.
Segurança e Assistência em Alerta
Viaturas da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e da Polícia Militar circulavam pelo local, enquanto agentes da prefeitura monitoravam a situação. Um profissional da assistência social evitou vincular o aumento diretamente ao esvaziamento da Cracolândia: "Essa movimentação é dinâmica. Não é possível afirmar que vieram para cá".
No entanto, a dispersão segue um padrão já visto em 2022, quando megaoperações na Luz levaram usuários a se espalharem por regiões como a Princesa Isabel – onde agora ressurgem grupos de 10 a 15 pessoas. Enquanto isso, o entorno da Estação da Luz permanece vazio, mas sob forte policiamento.
Efeito Colateral: Violência e Insegurança
A fragmentação dos fluxos preocupa moradores e especialistas, que alertam para o aumento da violência em múltiplas áreas. Sem políticas efetivas de acolhimento e redução de danos, a repressão tem apenas deslocado o problema, pressionando bairros antes menos afetados. "É uma solução que não resolve", critica um assistente social que atua na região.
Enquanto a prefeitura insiste em ações de fiscalização, as "mini Cracolândias" evidenciam um ciclo repetitivo: a cada operação, o problema se multiplica – e a cidade paga o preço.
*Fonte: cnnbrasil.com.br – estadao.com.br – jornal.usp.br