Bill Drayton, fundador da Ashoka e criador do termo "empreendedor social", não acredita que todos precisam abrir uma startup ou liderar inovações radicais. Mas para ele, não há outra alternativa: todos precisam se tornar agentes de mudança. Em um mundo moldado por transformações tecnológicas aceleradas e conexões globais, ficar à margem não é mais uma opção.
“Vivemos um ponto de inflexão. O progresso criou uma nova forma de desigualdade. Se você não for um agente de transformação, ficará de fora”, alerta Drayton,
Sua jornada começou nos anos 1960, nos Estados Unidos, durante o movimento pelos direitos civis. Inspirado pelo ativismo pacifista, viajou à Índia ainda jovem, onde conheceu Vinoba Bhave, sucessor espiritual de Gandhi. Foi dessa trajetória, aliando compaixão à ação prática, que nasceu a visão que daria origem à Ashoka em 1981 — hoje uma das maiores redes de líderes sociais do mundo, com mais de 4.000 fellows atuando em 90 países.
“Entre os fellows da Ashoka, 89% trabalham com crianças como protagonistas. Se conseguirmos que 30% da juventude seja formada por agentes de mudança, mudaremos o sistema.”
Para Drayton, o grande desafio do século XXI é lidar com a desigualdade gerada pela transformação digital. Cerca de 40% das pessoas estão ficando para trás — e isso alimenta crises políticas, polarizações e o crescimento de líderes demagogos.
“O sentimento de fracasso coletivo é combustível para narrativas perigosas. Precisamos agir rápido.”
Essa "nova desigualdade", como ele define, não é apenas econômica, mas também uma diferença de capacidade de adaptação.
“Quem domina as habilidades do novo mundo — empatia, trabalho em equipe, liderança compartilhada e protagonismo — prospera. Os outros se sentem excluídos, com raiva.”
O papel do Brasil na transformação global – Entre os países que mais abraçaram o movimento dos agentes de mudança, o Brasil se destaca. “O número de fellows da Ashoka no Brasil é proporcionalmente um dos maiores do mundo. E o trabalho em equipe dos brasileiros é uma força admirável”, elogia Drayton. O país, segundo ele, tem papel central na disseminação de novas metodologias educativas voltadas para a transformação social.
Drayton também fala sobre o impacto da educação tradicional, que ainda prepara jovens para um mundo que já não existe.
“O professor precisa decidir: vai ser bode expiatório do fracasso educacional ou líder de uma revolução transformadora?”
Um convite à ação – A mensagem de Drayton é um chamado. Não importa se você é jovem ou adulto, gestor público ou professor, estudante ou pai de família. A transformação, para ele, é inevitável. Mas se será excludente ou colaborativa, depende de nossas escolhas agora.
“Não precisamos ser todos empreendedores”, conclui. “Mas temos que ser agentes de mudança. Esse é o novo jogo — e todos precisam jogar.”
*Fonte: www1.folha.uol.com.br – Texto feito com auxílio de IA