Um estudo encomendado pela Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP) expõe uma contradição alarmante: mesmo sendo a unidade federativa mais rica do Brasil, São Paulo ocupa a 26ª posição no ranking nacional de remuneração de delegados de classe especial, com um salário de R$ 18.093,5 à frente apenas da Bahia (R$ 13.026,03). Os dados, referentes a abril deste ano, mostram que 18 estados pagam valores superiores aos delegados iniciantes do que São Paulo oferece aos seus profissionais no topo da carreira.
Desvantagem salarial e fuga de talentos
A carreira de delegado em São Paulo é dividida em quatro classes (Terceira, Segunda, Primeira e Especial), com salários iniciais de R$15.037,99 para aTerceira Classe e R$ 18.093,57 para a Classe Especial. Enquanto isso, estados como Mato Grosso do Sul (R$ 42.994,28), MatoGrosso(R$ 42.994,28) e Paraná (R$ 41.845,48) lideram o ranking de melhores remunerações.
André Santos Pereira, presidente da ADPESP, destaca que a desvalorização salarial tem levado à perda de profissionais qualificados.
"No último concurso, ingressaram 353 delegados na academia, mas apenas 310 se formaram. Muitos pedem exoneração para atuar em outras polícias ou instituições que pagam melhor", afirma. O estudo alerta para os "efeitos deletérios dessa defasagem na retenção de quadros qualificados e na atratividade dos concursos", colocando em risco a segurança pública no estado.
O abismo salarial fica ainda mais evidente quando comparado a outras carreiras jurídicas em São Paulo. Enquanto um delegado da classe especial recebe R$18.093,57, promotores e juízes substitutos tem um salário inicial de R$ 34.083,14 – quase o dobro. Embora exijam formação em Direito e aprovação em concursos semelhantes à outras categorias jurídicas, os delegados estão em posição remuneratória muito inferior.
Para equiparar a remuneração, a ADPESP sugere a adoção do regime de subsídio único, com valor equivalente ao teto do Executivo estadual (R$ 34.572,89, mesmo salário do governador). A Secretaria da Segurança Pública afirmou, em nota, que propôs um reajuste acima da inflação para policiais civis, mas não detalhou valores específicos para os delegados.
Enquanto isso, a categoria pressiona por uma revisão urgente, argumentando que a atual política salarial desestimula a permanência de bons profissionais e prejudica a eficiência da segurança pública no estado mais populoso do país.
*Fonte: g1.globo.com/sp/sao-paulo/