Aposentados e pensionistas do INSS enfrentam um novo front de fraudes que estão reduzindo drasticamente seus rendimentos mensais.
Diferentemente de esquemas anteriores — que descontavam valores diretamente no benefício previdenciário —, o golpe agora ocorre nas contas bancárias onde os pagamentos são depositados, com débitos automáticos não autorizados que variam entre R$ 30 e R$ 90, mas podem consumir até 25% do valor total recebido. A investigação do UOL identificou três grandes grupos de empresas por trás das cobranças irregulares, que somam 54 mil processos judiciais em todo o país, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
No topo da lista está a União Seguradora, do Rio Grande do Sul, associada à fintech Aspecir, responsáveis por 21 mil ações. A empresa alega que todas as vendas de seguros são feitas com "proposta física assinada ou gravação telefônica", mas, em diversos processos, não apresentou comprovação.
Apesar do crescimento suspeito — receita com apólices saltou de R$ 13 milhões (2021) para R$ 144 milhões (2024) —, a Susep (Superintendência de Seguros Privados) não aplicou sanções, limitando-se a afirmar que há "ações de supervisão em curso".
Outro grupo envolvido inclui os clubes de benefício Sobraseg e Binclub, em parceria com a empresa de cobrança Financob, somando 18 mil processos. Um novo escritório de advocacia contratado pelo grupo admitiu que "irregularidades em documentações de clientes" foram encontradas em auditoria interna, levando ao afastamento de diretores suspeitos.
Já a Paulista Serviços e Recebimentos (Pserv) atua como intermediária para clubes de benefício de quatro estados, acumulando 15 mil ações. Em um caso, uma aposentada de São Paulo teve R$ 247 descontados em um único mês por quatro cobranças simultâneas. A empresa diz rescindir contratos com parceiros quando o índice de reclamações passa de 5%, mas as vítimas relatam dificuldades para cancelar os débitos.
As conexões entre as empresas chamam atenção: algumas compartilham o mesmo escritório de advocacia, e documentos apresentados em juízo têm formatação idêntica, mesmo quando os clubes alegam ser independentes. Especialistas apontam que o problema expõe falhas graves nos sistemas de débito automático dos bancos, que muitas vezes não exigem confirmação do cliente para autorizar as cobranças.
Fonte: uol.com.br