A pressão sobre o governo federal para rever seus compromissos sociais e fiscais vem se intensificando de forma cada vez mais descarada por parte das elites econômicas e dos políticos do Centrão
Durante o Fórum Esfera, realizado ontem – sábado (07/06) no Guarujá (SP), empresários influentes e representantes do Centrão deixaram claro seu alinhamento em torno de uma agenda que inclui a contenção dos gastos sociais, a manutenção de incentivos fiscais aos mais ricos e a oposição a um eventual aumento do salário mínimo.
Wesley Batista, dono da JBS e uma das vozes mais relevantes do agronegócio nacional, defendeu abertamente uma revisão do que chamou de “tamanho dos benefícios sociais” do governo federal. Segundo ele, o excesso de programas de transferência de renda estaria desestimulando a força de trabalho no interior do país, o que estaria dificultando a expansão das operações da empresa.
“Faz sentido rever os programas sociais, rever o tamanho, as transições, porque você não tem gente nem para trabalhar”, declarou Batista, sugerindo que a assistência do Estado estaria se tornando um entrave à produtividade do setor agropecuário.
O empresário afirmou ainda que a redução dos gastos sociais, das renúncias fiscais e a aprovação da reforma administrativa são um “consenso generalizado” entre os participantes do evento, que reuniu lideranças políticas e empresariais.
Na mesma linha, André Esteves, chairman do banco BTG Pactual, reforçou o coro contrário ao aumento dos investimentos sociais. Para ele, a atual alta nos níveis de emprego justificaria um freio nos gastos com programas de transferência de renda.
“Está claro que não tem mais como crescer o gasto”, disse, afirmando que o foco agora deve ser “jogar o trabalhador de volta para o mercado formal”.
A ofensiva dos empresários conta com o apoio do Centrão. Parlamentares ligados ao grupo têm pressionado pela manutenção de isenções fiscais, especialmente as que beneficiam grandes fortunas e empresas. Eles também se opõem frontalmente ao aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e à revisão de subsídios concedidos aos setores mais ricos da sociedade.
A crítica à política social do governo é, na prática, uma defesa da margem de lucro dos grandes grupos econômicos. Segundo analistas políticos, o discurso de que os programas sociais desestimulam o trabalho formal encobre uma disputa mais profunda sobre a distribuição de riqueza no país.
A resistência a um possível reajuste no salário mínimo também reflete esse embate: para empresários do agro e do mercado financeiro, o aumento dos salários pressiona os custos e reduz a rentabilidade — uma equação inaceitável para quem se beneficia historicamente das desigualdades estruturais do Brasil.
Enquanto isso, os setores mais vulneráveis da população seguem dependendo dos programas de assistência para sobreviver em meio a uma recuperação econômica desigual. O impasse coloca o governo em uma encruzilhada: ceder à pressão do capital e das elites políticas ou reafirmar seu compromisso com a justiça social e a redução das desigualdades.
*Fonte: www1.folha.uol.com.br – www.poder360.com.br – Texto e chrage produzidos com auxílio de IA