Mesmo após o anúncio da Petrobras, no dia 3 de junho, de uma redução de R$ 0,17 no preço da gasolina nas refinarias, o tão esperado alívio no bolso dos brasileiros ainda não chegou às bombas. De acordo com cálculos baseados no volume mensal de combustível comercializado, postos e distribuidoras estariam retendo cerca de R$ 0,12 por litro — valor que, somado à escala nacional, representa dezenas de milhões de reais embolsados diariamente por agentes da cadeia de distribuição.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) confirma que, mesmo após a queda nas refinarias, o preço médio do litro da gasolina se manteve acima de R$ 6,00 nas últimas três semanas. O esperado, segundo a própria dinâmica de mercado, seria uma queda para algo entre R$ 5,85 e R$ 5,95, considerando a mistura obrigatória de etanol anidro (27%) na gasolina comercializada ao consumidor final.
Nas ruas, a frustração é generalizada. “Quando aumenta na refinaria o preço da gasolina, rapidamente os postos aumentam também na bomba, mas abaixar o preço é difícil. Onde estão os deputados, os vereadores que não tomam nenhuma providência? Cadê o Procon, órgão responsável para fiscalizar o direito do consumidor?”, questionam indignados diversos consumidores nas redes sociais.
Para o economista Eduardo Matos, a explicação está na estrutura do mercado. Segundo ele, as distribuidoras vêm ampliando suas margens de lucro desde 2020. “Mesmo considerando a inflação do período, notamos uma alta significativa nas margens. Isso é resultado direto da concentração de mercado, especialmente após a privatização da BR Distribuidora, hoje Vibra, que reduziu a competição entre os chamados players do setor”, explica.
Matos detalha que, antes da privatização, havia mais concorrência entre as distribuidoras, o que contribuía para um repasse mais justo dos preços ao consumidor. Hoje, o setor funciona praticamente como um oligopólio.
“Menos concorrência significa maior poder de barganha para definir preços, o que é prejudicial ao consumidor”, conclui.
A ausência de mecanismos de regulação ou influência por parte do Governo Federal sobre os preços praticados pelas distribuidoras e postos agrava ainda mais a situação. Sem controle, o consumidor se vê refém de práticas que, na avaliação de especialistas e da população, se assemelham à formação de cartel.
Enquanto isso, o desconto anunciado permanece apenas no papel, e o brasileiro continua a pagar caro para abastecer o carro.
*Fontes: Agência Nacional do Petróleo – correiodoestado – Folha de S. Paulo – Estadão – Texto e imagem produzidos com auxílio de IA