O Brasil está passando por uma profunda e irreversível transformação demográfica. Dados do Censo 2022 e registros de nascimentos de 2023 confirmam: a população está envelhecendo rapidamente, enquanto o número de crianças e jovens diminui drasticamente. Em 2023, o país registrou apenas 2,5 milhões de nascimentos — o menor número desde 1976.
A queda contínua nas matrículas escolares desde os anos 2000 abre uma janela única de oportunidade. A "era do mais", focada em ampliar o acesso, dá lugar à "era do melhor", centrada em melhorar a qualidade do ensino e o desempenho dos alunos, com formação voltada para o mundo moderno do século XXI – com as novas perspectivas de inovações geradas pelo uso de: TI e IA.
Apesar de alguns avanços — como a triplicação do número de brasileiros com ensino superior desde 2000 —, os desafios persistem: 29% da população continua funcionalmente analfabeta, e 35% não completaram sequer o ensino fundamental. Enquanto o investimento por aluno triplicou entre 2005 e 2017, o aprendizado não acompanhou esse salto, revelando uma gestão ineficiente dos recursos.
Com menos estudantes, o Brasil pode otimizar sua rede de mais de 200 mil escolas. Outro ponto estratégico é a renovação do corpo docente. A estimativa é que até 2050 o Brasil precise de apenas 1 milhão de professores, quase metade do que possui hoje. Isso abre caminho para uma reformulação criteriosa da formação e valorização dos profissionais da educação.
Menos alunos significam, teoricamente mais investimentos per capita na educação, portanto maior possibilidade para investir em qualidade. Mas para que isso se concretize, o país precisará vencer o ciclo de: má gestão, o patrimonialismo, o desperdício e o corporativismo que há décadas emperram o progresso do setor educacional.
Os "países classificados como ricos" mostraram que boa parte da base do dinamismo econômico está na educação de qualidade. Para o Brasil, a transição demográfica representa talvez a última chance de corrigir décadas de negligência e de abandono das políticas educacionais de qualidade, e agora passe a construir um sistema educacional que prepare as próximas gerações para um futuro mais justo, próspero e sustentável.
*Fonte: valor.globo.com