O Capitão Anderson César Navarrete possui um perfil operacional baseado na transparência administrativa. Ele chegou no dia 1º de junho à 4ª Companhia do 38º Batalhão da Polícia Militar, em Porto Ferreira, com compromissos bens distintos: trabalhar junto à comunidade, proteger quem paga imposto e não deixar o bandido tomar gosto pelo crime.
Na tarde da última quinta-feira, 16 de junho, o novo comandante recebeu a reportagem do Jornal do Porto para uma entrevista em sua sala, no quartel da avenida General Álvaro de Góes Valeriani, no Jardim Aeroporto. “Meu objetivo é priorizar o policiamento”, afirmou a autoridade militar.
Navarrete fez uma analogia de sua forma de trabalhar com uma partida de xadrez: primeiro coloca-se as peças no tabuleiro em seus devidos lugares. Em seguida as peças movem-se a partir de suas casas de origem. A partir daí são as estratégias de mudam o ritmo do jogo.
Acostumado a atuar em cidades e comunidades onde os índices de criminalidade são altos – zona Norte de Ribeirão Preto e periferia de São Paulo –, o comandante disse que sua experiência na corporação será o suficiente para “mudar o jogo”. “Tenho know-how”, admitiu. Como ele vai fazer isso? Motivando o policial, fazendo de sua atuação uma atividade decente e combatendo diretamente o crime organizado.
“Vamos trabalhar com a sensação de segurança”, afirmou ele. “Sabemos que estamos em um patamar de segurança, mas temos ferramentas para minimizar a sensação de insegurança do cidadão, mostrar para a sociedade que estamos trabalhando para ele”, ressaltou a autoridade.
Navarrete reconheceu que o município de Porto Ferreira possui uma periferia complicada, mas que a presença da Polícia Militar nos bairros residenciais passou a ser uma prioridade. Segundo ele, essa será a linha de atuação: a prevenção primária. “Para o tráfico vamos intervir com operações cirúrgicas, com estratégia”, lembrou o capitão, referindo-se ao jogo da xadrez.
A resposta do novo comandante à população, que clamava pela sensação de segurança, já foi dada e surtiu efeito. Em nove dias à frente da corporação os índices saltaram: foram 12 prisões. No mês anterior, em 30 dias, apenas nove pessoas suspeitas foram parar atrás das grades. Para prender bandidos, ele entende que é fundamental o apoio da Polícia Civil. “Isso eu encontrei em Porto Ferreira no meu primeiro dia”, lembrou.
Quando ele atuava em uma região de Ribeirão Preto com 270 mil habitantes, Navarrete contava com três veículos militares. Na 4ª Companhia de Porto Ferreira, são sete veículos. Além disso, há uma tropa com dezenas de soldados, cabos, sargentos e suboficiais que são respeitados.
“Sou um comandante que acompanha o trabalho do policial e faz cobranças quando alguém tem que ser cobrado, estou acostumado a isso”, disse ao Jornal do Porto. O município também conta com a Diária Especial por Jornada Extraordinária de Trabalho Policial Militar (DEJEM), da Atividade Delegada e equipes especializadas para o controle de cada setor.
O capitão argumentou que a população ferreirense pode ajudar na segurança pública. Segundo ele, o papel do cidadão é fundamental quando coloca trancas e cadeados nos portões e nas portas, fecha os veículos com chave e alarme, e não deixa o bandido criar oportunidade para cometer o crime.
Formado em 1994 pela Academia do Barro Branco, onde ingressou em 1990, Anderson César Navarrete nasceu em Diadema, região do Grande ABC, e cresceu em Sapopemba, Zona Leste de São Paulo.
Como aspirante e já como segundo-tenente trabalhou na Zona Sul da Capital até 1996. Transferiu-se para Franca, interior de São Paulo, onde comandou por dois anos a Força Tática, braço do policiamento ostensivo especializado de combate ao crime. Entre 1997 e 2000, foi instrutor da Escola de Soldados, em Jardinópolis, capacitando novos militares.
Já como primeiro-tenente, quando foi designado para o Centro de Policiamento do Interior da Região 3, em Ribeirão Preto, pediu ao seu comandante que atuasse no operacional: permaneceu 12 anos no 3º Batalhão, combatendo a criminalidade e reduzindo os índices que incomodavam o cidadão de bem.
Em 2012 foi mais uma vez transferido, desta vez para o 10º Batalhão como comandante da 1ª Companhia, em Piracicaba. Em 2014 chegou a São Carlos para atuar no setor de Recursos Humanos do Estado Maior no 38º Batalhão da PM. “Em Porto Ferreira vou cobrar produtividade porque trabalhamos para quem paga imposto”, concluiu o comandante.
