Sóstenes Cavalcante (PL), deputado federal pelo TJ, faz mea culpa teatral enquanto bancada negocia blindagem para evitar punição por motim
Em um espetáculo digno de novela das seis, o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), subiu à tribuna da Câmara nesta quinta-feira (7) para pedir perdão ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), após passar 30 horas ajudando a transformar o plenário em um acampamento de resistência bolsonarista.
O gesto de contrição, porém, veio temperado com mais ataques ao STF, porque, afinal, alguns hábitos nunca mudam.
“Se eu não fui correto, te peço perdão”, declarou Sóstenes, em um misto de humildade e estratégia. A cena foi digna de um reality show: Motta, visivelmente exausto, limitou-se a acenar com a cabeça, como quem diz “Tá bom, vamos fingir que acredito”.
Na véspera, o presidente da Câmara precisou ser quase arrastado de volta à cadeira por colegas, depois que o líder do Novo, Marcel van Hattem (RS), resolveu bancar o “estacionado” na presidência.
O motim, que durou dois dias, só acabou após um acordão entre centrão e bolsonaristas: em troca de desocupar a mesa, a oposição garantiu a promessa de votar projetos para blindar parlamentares de processos e discutir anistia aos envolvidos na baderna do 8 de janeiro. Ou seja, quebra-quebra dá cadeira, mas também dá lei.
Enquanto Sóstenes fazia seu discurso de mea culpa seletivo, o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), lembrou que “agora não adanta falar manso” e cobrou punição aos rebeldes sem causa. Motta, por sua vez, prometeu anunciar até o fim do dia se suspenderá algum mandato, porém, considerando o histórico da Câmara dos Deputados, vai tudo terminar “em pizza”.
Já Marcel van Hattem, de um oportunismo tosco e envergonhado, usou a tribuna para garantir que “nunca foi contra Motta”, apenas contra a falta de anistia e a favor do fim do foro privilegiado, que hipocritámente ele utiliza para fugir dos inquérito que a PF está fazendo devido suas agressões a instituição Federal.
Fonte; Folha de S. Paulo