Apesar da rejeição no Senado após pressão popular, votação na Câmara escancarou alinhamento quase unânime da direita a uma proposta que ficou conhecida como “PEC da Bandidagem”
A rejeição da chamada PEC da Blindagem no Senado, nesta quarta-feira (24), representou uma derrota expressiva para os partidos do Centrão: PP, União Brasil, MDB, Republicanos e para o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que na Câmara haviam dado apoio maciço à proposta, apelidada pela sociedade civil de “PEC da Bandidagem”.
A medida, que ampliaria brechas para a impunidade de políticos, foi negociada nos bastidores como moeda de troca para garantir a tramitação do projeto de anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de estado.

Na Câmara, o apoio foi escandalosamente homogêneo nas bancadas de partidos como Republicanos e PL, que não registraram um único voto contrário no primeiro turno. Até o PT, de maneira contraditória, cedeu 12 votos favoráveis. Mas foi no Centrão e na direita bolsonarista que se consolidou a adesão irrestrita ao projeto que blindaria parlamentares contra investigações e punições.
O recuo veio apenas depois que a sociedade reagiu. Manifestações em todo o país no último domingo deram o tom da insatisfação popular diante do risco de institucionalizar a impunidade. Pressionado, o Senado derrubou a proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), freando uma manobra que já havia sido aprovada a toque de caixa na Câmara.
O episódio expôs, mais uma vez, a distância entre os interesses da classe política e a indignação das ruas. Para os críticos, a postura quase unânime das bancadas do Centrão e do PL escancara a tentativa de transformar a Câmara dos Deputados em um escudo corporativista contra a lei, ao mesmo tempo em que reforça a estratégia de barganha de lideranças que tratam a democracia como moeda de troca.
Por Marco Antônio Mourão
