Não é de hoje que a cidade de Porto Ferreira precisa de um teatro para atender às apresentações culturais.
Promoções de artes cênicas, danças e músicas são frequentes, principalmente no final do ano, e a precariedade de acomodação do público, assim como dos próprios artistas, é ponto negativo marcante nesses espetáculos.
É visível que estamos caminhando para motivar as autoridades que assumem o Poder Executivo à construção de um teatro, novo desafio para os fãs da arte. Afinal, Porto Ferreira demorou mais de um século para ter o seu Anfiteatro, em um local muito significativo aos conterrâneos.
É público, também, que o improvisado espaço onde dá vida ao Anfiteatro “Isaltino Casemiro” não possui em seu interior as corretas medidas de um palco artístico ou a disposição regular dos assentos.
Hoje, o município possui escolas de dança de qualidade, que promovem festivais concentrando mais de trezentas pessoas. Há, esporadicamente, exibições de orquestras. Há a realização do Mapa Cultural Paulista na fase municipal e os tradicionais festivais e recitais dos dedicados professores e alunos da Casa da Cultura “Elias dos Santos” etc.
Além disso, nas cidades vizinhas, o fomento à cultura, segundo os comentários e noticiários, ganhou fôlego. Há um teatro em Santa Rita do Passa Quatro; há um Centro de Convenções em Pirassununga.
Como cidadão, durante a campanha eleitoral de 2012, tive um encontro com Paulo Skaff, presidente da FIESP, do CIESP, do SESI, do SENAI e do IRS, e pedi, verbalmente, com insistência, a instalação de um teatro Sesi no terreno baldio situado ao lado da Escola. Na ocasião, o ex-prefeito, que estava próximo, endossou o pedido.
Depois, em 2013, após assumir o mandato de vereador, encaminhei um requerimento pela Câmara, formalizando o pedido inicial, e acrescendo ao mesmo a instalação da Estação Cultura Sesi. Na época, recebi resposta, pela qual informaram que o orçamento para a construção desse teatro estava comprometido durante os anos de 2013 e 2014, tendo em vista as demandas de outras cidades.
Em 2015 e 2016 não ocorreu diferente. Protocolei novo pedido e a resposta foi idêntica. Ainda sem me hesitar, e procedendo além da competência inerente às funções de vereador, procurei por auxílio na esfera estadual, não encontrando dispositivo legal para receber essa contemplação.
Para se ter um parâmetro do porquê existe teatro em outras cidades e aqui não, é bom considerar que o Centro de Convenções de Pirassununga foi construído graças à gestão municipal, a qual edificou também o novo Conservatório Municipal “Cacilda Becker”. Imposto municipal retornando ao próprio município em face do exercício da administração pública. Este é o espírito da função do Chefe do Executivo. Todavia, a construção nasceu de um projeto para conquista de recursos federais.
O professor Renan Arnoni, enquanto exercia função comissionada de Chefe da Seção de Cultura, oficializou à Prefeitura um pedido para que técnicos do Poder Executivo providenciassem um projeto para participar do 1º Edital do Sistema Nacional de Cultura, que previa a liberação aos contemplados de até 3 milhões de reais, para a construção de um teatro. O ideal morreu na praia e o pedido não saiu do papel do município ferreirense. A área prevista, na ocasião, era aquela situada entre o Batalhão da PM e a EMEF “Prof. José Gonso”, na Avenida Álvaro de Góes Valeriani.
É claro, contudo, que Porto Ferreira padece por graves dificuldades, ante à falta de planejamento, não sendo, igualmente, o único no rol da lista, e nem havendo, para tanto, desculpas quando não se criam leis ou decisões administrativas de interesse público.
Enfim, prezados leitores, a sorte está lançada, e cabe, na dosagem correta, a demanda cultural, inclusive na edição do anteprojeto de Lei de Incentivo à Cultura, já apresentado por mim durante três anos consecutivos e rejeitado.
* O autor, Miguel Bragioni, é vereador por Porto Ferreira
