A Federação Única dos Petroleiros (FUP) emitiu nota informando que o Brasil corre o risco de desabastecimento de óleo diesel no início do segundo semestre deste ano, em função da prevista escassez de oferta no mercado internacional e do baixo nível dos estoques mundiais.
Segundo a FUP, apesar de ser autossuficiente na produção de petróleo, o Brasil importa atualmente cerca de 25% de suas necessidades de diesel no mercado interno, de acordo com a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), devido à baixa utilização das refinarias brasileiras e a não conclusão de obras importantes no setor.
A demanda brasileira pelo produto tende a aumentar a partir de junho/julho próximo com o aumento da safra agrícola, a maior circulação de caminhões e a esperada retomada do consumo no período pós pandemia da covid-19.
Dependência
Conforme a FUP, a dependência pelo produto importado revela o equívoco da política do governo Bolsonaro, que não criou novas refinarias, reduziu investimentos no setor do refino e decidiu vender unidades da Petrobrás. “Uma política de desmonte que, com base na política de preço de paridade de importação de combustíveis, contribuiu para a escalada da inflação, atualmente em 12% ao ano”, afirma o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.
Erros do governo
Para Bacelar, “um dos erros cruciais do Governo Federal foi não ter concluído o segundo trem da Refinaria Abreu Lima (Rnest/PE), especializada na produção de diesel. Errou também ao não investir no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), e ao não construir unidades de coqueamento em algumas refinarias do país – como na refinaria da Bahia, privatizada no fim do ano passado –, que deveriam estar produzindo diesel ao invés de óleos combustíveis”.
Além disso, em 2016, a opção do governo Michel Temer foi estimular importações de combustíveis, com a criação de empresas privadas no setor. “Essas empresas pressionam por importações e para que o preço interno seja o preço de paridade internacional”, completa o economista do Dieese/FUP, Cloviomar Cararine, observando que o governo Bolsonaro vive um dilema, buscando equilíbrio em corda bamba.
Dilema da Petrobras
“A Petrobrás está num dilema, ou atende aos acionistas, com lucros e dividendos recordes, ou reduz preço na refinaria, que impacta na bomba. Bolsonaro tenta se equilibrar nas duas canoas, a dos acionistas e a dos trabalhadores brasileiros, que sofrem com a inflação e com a perda de poder aquisitivo”, diz Cararine.
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Fonte: www.extraclasse.org.br