O óleo da semente da macaúba, palmeira nativa do Brasil, pode ser o combustível do futuro para aviões e veículos à diesel. A empresa Acelen vai investir US$3 bilhões (R$ 16,3 bilhões) na produção a partir de 2025 na Bahia, 180 mil hectares serão plantados em áreas degradadas, e o óleo encaminhado a uma biorrefinaria a ser construída. A empresa tem 3 milhões de mudas em viveiros.
Dinheiro árabe
A Acelen é dona da Refinaria de Mataripe, próxima a Salvador. Ela pertence ao Mubadala Capital, braço do fundo soberano de Abu Dhabi, que tem outros investimentos no Brasil:
- a nova Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, como destaquei na newsletter na última semana;
- a operação da Zamp, que franqueia restaurantes Burger King no país;
- a Refinaria de Mataripe, vendida pela Petrobras no governo Bolsonaro por US$ 1,65 bilhão (R$ 8,97 bilhões).
Os investimentos totais do Mubadala em biocombustíveis por aqui somam US$ 13,5 bilhões (R$ 73, 43 bilhões), com a maioria direcionada à construção da biorrefinaria. Serão cinco unidades de refino. A primeira ficará pronta em 2026 e produzirá 20 mil barris por dia de combustível para aviação e biodiesel.
Macaúba
A planta produz oito vezes mais óleo do que a soja, resultando em 4 toneladas/hectare. É uma palmeira natural do cerrado, com até 20 de metros de altura. Na Universidade Federal de Viçosa, pesquisadores estudam como domesticá-la. Ou seja: fazer cruzamentos e seleções de plantas com as melhores condições para a produção.
Os biocombustíveis são uma das alternativas ao petróleo, necessários para garantir as emissões zero de carbono no futuro. São considerados também uma oportunidade para o Brasil, que já é referência em etanol. Em 2015, no Acordo de Paris, a maioria dos países acordou em alcançar a chamada neutralidade de carbono até 2050 para conter o aquecimento global.
Outros exemplos de biocombustíveis:
- outros óleos vegetais como de mamona, palma, soja;
- Etanol derivado de cana de açúcar e milho;
- Biometano derivado de dejetos orgânicos em aterros, esterco e restos vegetais.