Nos últimos quatro anos, o Partido Social Democrático (PSD) de São Paulo, liderado por Gilberto Kassab, tem demonstrado uma ambiguidade calculada em relação ao eleitorado de Jair Bolsonaro.
Ciente da expressiva força dos bolsonaristas, o partido tem buscado atrair esses votos, especialmente em eleições majoritárias. No entanto, essa aproximação se dá de forma vergonhosa e até certo ponto ocorre uma tentativa de escorde "os bolsonaristas", como aquele adágio " "Gostar escondido é padecer dobrado."
Essa estratégia reflete um dilema central para o PSD-SP. Por um lado, reconhece-se a necessidade de dialogar com uma parcela significativa do eleitorado que demonstrou apoio a Bolsonaro em 2018 e 2022. A obtenção desses votos pode ser crucial para o sucesso de candidatos do partido em disputas para o Executivo e para o Legislativo.
Por outro lado, o PSD carrega a imagem de um partido "dos limpinhos e engomadinhos, que comem de garfo e faca", com quadros que historicamente transitaram por diferentes espectros ideológicos. Uma identificação forte com o bolsonarismo poderia alienar eleitores mais exigentes e progressistas – especcialmente os ligados as "Artes, Cultura & Educação"
Essa "vergonha" ou "medo" de ser reconhecido como um partido bolsonarista se manifesta em diversas ocasiões. Em entrevistas e eventos públicos, lideranças do PSD-SP raramente tecem elogios diretos a Bolsonaro ou defendem suas políticas de forma enfática.
Essa postura cautelosa do PSD-SP levanta questionamentos sobre a sua real identidade ideológica e seus planos para o futuro. Ao tentar agradar a diferentes públicos, o partido se mostra pouco confiável para os eleitores mais esclarecidos e conectados com uma visão mais progressiva e iluminista.
A ambiguidade gera também desconfiança nos eleitores de bolsonaro, que podem ver a legenda como hesitante e de comportamento aproveitador – semelhante ao comportamento do grupo do PSDB de João Dória e Rodrigo Garcia nas eleições de 2018, quando os Bolsonaristas votaram em massa no PSDB de SP tanto no primeiro como no segundo turno, e depois foram traídos
O cenário político para as próximas eleições no estado de SP certamente testará a eficácia dessa estratégia do PSD paulistas e de seus candidatos "camaleões".
Resta saber se essa dança estratégica entre o desejo de atrair o eleitorado bolsonarista e o receio de ser rotulado como tal se mostrará uma fórmula de sucesso ou um caminho arriscado para o futuro da legenda.
*Fonte: Poder 360 – www.agendapolitica – www.nexojornal.com.br e www.folha.uol.com.br