Ex-presidente precisará decidir se abraça o pragmatismo dos líderes do Centrão ou a fidelidade filial e corre o risco de sair traidor em qualquer cenário.
Condenado a 27 anos e três meses de prisão pela trama golpista, Jair Bolsonaro se vê agora diante de um dilema digno de novela mexicana: trair o Centrão com seus líderes do PP, União Brasil, MDB, Republicanos, PSD, Valdemar Costa Neto, Michel Temer e Tarcísio Feitas ou trair o próprio filho Eduardo Bolsonaro.
De um lado, o Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo lideram o coro pela anistia “ampla, geral e irrestrita”. Já do outro, o Centrão, sempre pronto para medir vento e preço, prefere negociar com o STF uma versão “light” da salvação: nada de anistia geral, apenas redução de penas, como quem troca a prisão na Papuda por uma temporada com tornozeleira em casa e enelegível até 2030.
O problema é que Bolsonaro, como personagem central, não poderá ficar em cima do muro por muito tempo. Se silencia, endossa o Centrão e deixa seu filho Eduardo no vácuo que no futuro próximo será lançado aos leões. Se abre a boca, corre o risco de melar o acordo com os caciques do Congresso e ouvir aquele clássico: “você vai par a Papuda”.
Enquanto isso, os aliados leais ao ” bolsonarismo raiz” estão ansiosos, como quem espera o último capítulo de uma trama de novela da antiga da TV aberta. No roteiro, resta apenas a dúvida: o ex-capitão escolherá a família que sempre foi fiel e leal aos seus propósitos ou escolherá o fisiologismo sombrio do Centrão?
Por Marco Antônio Mourão
