Silêncio do mercado em relação à “bolsa empresário” revela um viés seletivo: o peso do gasto social é tratado como problema, mas o custo dos benefícios concedidos ao setor privado segue fora do debate.
Durante evento do Itaú BBA, gestores e economistas voltaram a pressionar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a sinalizar uma revisão no modelo de reajuste da Previdência Social. A cobrança é para que as aposentadorias passem a ser corrigidas pelo IPCA, e não mais pelo salário mínimo.
“Basta falar isso, que os mercados se acalmam”, declarou o gestor Luis Stuhlberger, ao defender que a medida seria suficiente para reduzir a resistência que os investidores da Faria Lima tem com governo Lula.
Na mesma linha, Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco, afirmou que qualquer governo eleito em 2026 tem que tira as vinculações orçamentárias em saúde, educação e Previdência, caso contrário “os mercados” continuaram desconfiados do futuro do Brasil
A pressão, porém, é vista como chantagem por setores críticos ao mercado financeiro. Isso porque, ao mesmo tempo em que exige cortes na Previdência, o setor não questiona os chamados “subsídios empresariais”, que consomem mais de R$ 800 bilhões anuais em isenções, desonerações e benefícios fiscais a grandes grupos econômicos.
Enquanto a indexação da Previdência ao salário mínimo é apontada por economistas como fator de rigidez fiscal, críticos lembram que o silêncio do mercado em relação à “bolsa empresário” revela um viés seletivo: o peso do gasto social é tratado como problema, mas o custo dos benefícios concedidos ao setor privado segue fora do debate.
Fonte: Folha de S. Paulo