Em meio à popularização do Pix, falsificadores abandonam cédulas médias e focam nas de maior valor; participação das notas de R$ 200 mais que dobrou em cinco anos
Em tempos de transferência instantânea via Pix, o uso de dinheiro em espécie vem diminuindo. Mas, no submundo da falsificação, a realidade tem se transformado de outro modo: os criminosos parecem ter mudado de estratégia e agora miram alto literalmente.
Segundo dados recentes do Banco Central, as cédulas de R$ 100 e R$ 200 já representam 80% de todo o dinheiro falso recolhido pelo sistema bancário no país. E, dentro desse universo, chama atenção a rápida ascensão da nota de R$ 200: sua participação nas falsificações mais que dobrou nos últimos cinco anos e hoje ela responde por 33% de todas as cédulas falsas identificadas.
A mudança representa uma guinada no comportamento dos falsificadores. Até pouco tempo atrás, os alvos preferidos eram as notas de R$ 20 e R$ 50, por serem mais comuns no comércio e menos sujeitas a uma checagem rigorosa por parte dos lojistas. Em 2018, por exemplo, mais da metade (53,5%) das cédulas falsificadas pertenciam a essas duas denominações.
Mas com o avanço da digitalização dos pagamentos impulsionado pela pandemia e pela popularização do Pix o dinheiro vivo passou a circular menos, e o perfil das transações em espécie mudou. Para os falsários, isso parece ter tornado mais vantajoso arriscar em notas de alto valor, como a de R$ 200, que homenageia o lobo-guará, e a de R$ 100, com a imagem da garoupa.
Ainda assim, especialistas em segurança bancária alertam que notas de alto valor despertam mais desconfiança. “Quando um comerciante recebe uma nota de R$ 100 ou R$ 200, é comum que ele a examine contra a luz, sinta o relevo e verifique os elementos de segurança”, afirma um consultor do setor.
Mesmo com esse obstáculo, os criminosos têm insistido. A alta nas falsificações da cédula de R$ 200 sugere que a recompensa potencial passar mais dinheiro falso em menos tentativas tem falado mais alto que o risco.
O Banco Central reforça que os elementos de segurança das notas brasileiras são sofisticados e de difícil replicação. No entanto, a recomendação é clara: todo cidadão, ao manusear cédulas, deve estar atento a detalhes como marcas d’água, faixas holográficas e relevo independentemente do valor da nota.
A onça-pintada da nota de R$ 50, ao que tudo indica, foi deixada de lado. O foco agora está na garoupa e no lobo-guará.
Fonte: cnnbrasil